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COMÉRCIO ILEGAL
Ao menos quatro pessoas foram presas após apreensão de produtos na Nove de Julho; guarda foi gravemente ferido
Choque entre camelôs e guardas fere seis
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma operação para apreender
mercadorias falsificadas vendidas
por camelôs no centro de São
Paulo acabou em pancadaria na
tarde de ontem: pelo menos quatro ambulantes foram detidos e
levados ao 3º DP (Santa Ifigênia) e
seis pessoas, feridas, levadas a
hospitais da região, segundo a
Guarda Civil Metropolitana.
Um guarda-civil, agredido a
pauladas e pedradas, foi internado em estado grave. O início da
av. Nove de Julho chegou a ficar
interditado por vários minutos.
Por volta das 15h, a guarda iniciou a vistoria na ladeira da Memória, local conhecido pela venda
de mercadorias ilegais. De acordo
com o inspetor da corporação Robinson Luis Toquete, que coordenou a operação, depois que guardas apreenderam alguns produtos, como cigarros e CDs falsos, os
camelôs começaram a jogar pedras e seus homens revidaram.
Dois carros da guarda e uma moto foram danificados pelos ambulantes, disse Toquete.
A PM só foi chamada por volta
das 17h, relatou o inspetor, e também teve um carro apedrejado.
Ele disse que os feridos que conseguiu identificar são guardas-civis.
O guarda-civil Leal, que está internado na Santa Casa de Misericórdia, foi atacado próximo à ladeira da Memória.
Testemunhas disseram ter ouvido tiros e barulho de rojões soltados por camelôs. Comerciantes
das ruas próximas fecharam as
portas. O zelador Luiz Alves Pena,
51, disse ter visto veículos sendo
apedrejados. "Os camelôs jogavam pedra e os policiais, bombas
[de gás lacrimogêneo]", relatou o
manobrista Gilvan Feitosa, 32,
que também viu a confusão.
"Naquela rua isso é comum",
disse o inspetor sobre a reação
dos camelôs. Segundo Toquete, o
Metrô solicitou a ação de ontem.
A assessoria do Metrô negou.
De acordo com camelôs da região, que preferiram não se identificar, ouviam-se bombas e tiros
e um bar na frente do terminal
Bandeira foi invadido por guardas para a apreensão de material.
Um dos ambulantes disse que
viu pessoas sendo agarradas pelo
pescoço por policiais e guardas.
Por volta das 18h30, homens da
Polícia Militar com escudos e armas na mão ainda faziam barreira
na esquina da rua Xavier de Toledo com a rua Bráulio Gomes, mas
não havia mais sinais de tumulto.
A Secretaria da Segurança do
Estado informou que o confronto
foi com a guarda e que houve apenas uma ação preventiva da força
tática. Negou o uso de bombas de
efeito moral. A Secretaria Municipal de Segurança Urbana não comentou o episódio e informou
que o secretário Benedito Mariano deve se reunir hoje com o comando da Guarda Civil.
Prisão
Morador de um prédio no viaduto Nove de Julho, local próximo da confusão, o encanador Jessé Regis dos Santos, 62, disse ter
sido agredido por guardas-civis.
Segundo ele, os guardas entraram
no prédio em que mora em busca
de uma pessoa e discutiam com o
porteiro. "Comecei a defender [o
porteiro] e pedi ao porteiro para
ligar para o advogado do prédio."
Segundo Santos, em seguida os
guardas empurraram sua cabeça
na parede e o algemaram. Ele
mostrou um hematoma na testa
que seria resultado da suposta
agressão. Disse que só foi solto depois de dizer que conhecia pessoas no Ministério Público.
"Eu não presenciei ninguém invadindo, ninguém entrou na casa
de ninguém", afirmou o inspetor
Toquete.
(FABIANE LEITE EMAYRA STACHUK)
Colaborou o "Agora"
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