São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2004

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COMÉRCIO ILEGAL

Ao menos quatro pessoas foram presas após apreensão de produtos na Nove de Julho; guarda foi gravemente ferido

Choque entre camelôs e guardas fere seis

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma operação para apreender mercadorias falsificadas vendidas por camelôs no centro de São Paulo acabou em pancadaria na tarde de ontem: pelo menos quatro ambulantes foram detidos e levados ao 3º DP (Santa Ifigênia) e seis pessoas, feridas, levadas a hospitais da região, segundo a Guarda Civil Metropolitana.
Um guarda-civil, agredido a pauladas e pedradas, foi internado em estado grave. O início da av. Nove de Julho chegou a ficar interditado por vários minutos.
Por volta das 15h, a guarda iniciou a vistoria na ladeira da Memória, local conhecido pela venda de mercadorias ilegais. De acordo com o inspetor da corporação Robinson Luis Toquete, que coordenou a operação, depois que guardas apreenderam alguns produtos, como cigarros e CDs falsos, os camelôs começaram a jogar pedras e seus homens revidaram. Dois carros da guarda e uma moto foram danificados pelos ambulantes, disse Toquete.
A PM só foi chamada por volta das 17h, relatou o inspetor, e também teve um carro apedrejado. Ele disse que os feridos que conseguiu identificar são guardas-civis.
O guarda-civil Leal, que está internado na Santa Casa de Misericórdia, foi atacado próximo à ladeira da Memória.
Testemunhas disseram ter ouvido tiros e barulho de rojões soltados por camelôs. Comerciantes das ruas próximas fecharam as portas. O zelador Luiz Alves Pena, 51, disse ter visto veículos sendo apedrejados. "Os camelôs jogavam pedra e os policiais, bombas [de gás lacrimogêneo]", relatou o manobrista Gilvan Feitosa, 32, que também viu a confusão.
"Naquela rua isso é comum", disse o inspetor sobre a reação dos camelôs. Segundo Toquete, o Metrô solicitou a ação de ontem. A assessoria do Metrô negou.
De acordo com camelôs da região, que preferiram não se identificar, ouviam-se bombas e tiros e um bar na frente do terminal Bandeira foi invadido por guardas para a apreensão de material.
Um dos ambulantes disse que viu pessoas sendo agarradas pelo pescoço por policiais e guardas.
Por volta das 18h30, homens da Polícia Militar com escudos e armas na mão ainda faziam barreira na esquina da rua Xavier de Toledo com a rua Bráulio Gomes, mas não havia mais sinais de tumulto.
A Secretaria da Segurança do Estado informou que o confronto foi com a guarda e que houve apenas uma ação preventiva da força tática. Negou o uso de bombas de efeito moral. A Secretaria Municipal de Segurança Urbana não comentou o episódio e informou que o secretário Benedito Mariano deve se reunir hoje com o comando da Guarda Civil.

Prisão
Morador de um prédio no viaduto Nove de Julho, local próximo da confusão, o encanador Jessé Regis dos Santos, 62, disse ter sido agredido por guardas-civis. Segundo ele, os guardas entraram no prédio em que mora em busca de uma pessoa e discutiam com o porteiro. "Comecei a defender [o porteiro] e pedi ao porteiro para ligar para o advogado do prédio."
Segundo Santos, em seguida os guardas empurraram sua cabeça na parede e o algemaram. Ele mostrou um hematoma na testa que seria resultado da suposta agressão. Disse que só foi solto depois de dizer que conhecia pessoas no Ministério Público.
"Eu não presenciei ninguém invadindo, ninguém entrou na casa de ninguém", afirmou o inspetor Toquete. (FABIANE LEITE EMAYRA STACHUK)


Colaborou o "Agora"


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