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Justiça veta divulgação de testes de qualidade
Empresas, que questionam a metodologia das análises, afirmam que têm a imagem prejudicada com a difusão dos resultados
Justiça concedeu liminares favoráveis a fabricantes; para especialistas, proibição à difusão compromete
a saúde do consumidor
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A divulgação de testes comparativos de alimentos, produtos e serviços feitos por associações de defesa do consumidor
tem sido censurada por meio
de decisões judiciais. A Pro
Teste foi obrigada a retirar do
site ou não pôde divulgar os resultados de cinco testes por força de liminares favoráveis a
empresas que tiveram seus
produtos reprovados.
Nos últimos anos, o Idec
(Instituto de Defesa do Consumidor) já sofreu ao menos 21
processos de empresas que se
sentiram prejudicadas pela divulgação de testes. Na maioria
dos casos, as decisões foram favoráveis ao Idec.
No caso da Pro Teste, as decisões judiciais são baseadas em
ações propostas pelos fabricantes que julgaram os resultados
desfavoráveis à imagem da empresa. Eles alegam que os seus
produtos obedecem às normas
técnicas vigentes e questionam
a metodologia dos testes.
Os testes comparam a qualidade e a segurança de produtos
de várias marcas e são baseados
em normas nacionais e internacionais. As empresas recebem o resultado das análises
antes da divulgação ao público.
O assunto foi discutido anteontem em um seminário internacional em São Paulo que
reuniu cerca de 200 especialistas nacionais e internacionais
em direito do consumidor.
Para Maria Inês Dolci, coordenadora do departamento de
relações institucionais da Pro
Teste, o veto à divulgação dos
resultados dos testes compromete a segurança dos produtos
e a saúde do consumidor.
Na opinião de Richard Loyd,
diretor-geral da Consumers International (entidade que reúne 230 entidades de defesa do
consumidor no mundo), o consumidor tem o direito de saber
que um determinado produto
pode comprometer sua saúde.
O desembargador Rizzatto
Nunes, do Tribunal de Justiça
de São Paulo, reconhece que essa reação ocorre porque o Judiciário ainda não entende o que
é direito do consumidor e tem
dificuldade em avaliar os testes
comparativos propostos por
essas associações.
"Falta muito para o consumidor ser respeitado no Brasil.
Daí a importância dos testes independentes feitos por associações como a Pro Teste e o Idec."
Segundo Marilena Lazzarini,
coordenadora do Idec, os testes
não têm o objetivo de prejudicar as empresas, mas, sim, de
informar o consumidor sobre a
qualidade dos produtos.
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