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Mais 1 policial é suspeito de elo com Abadía
Investigador Rubens Barbeiro teria a função de auxiliar megatraficante a resolver questões que envolvessem a polícia
Empresário apontado como um dos principais sócios de Abadía disse ao Ministério Público que era vizinho e amigo do investigador
ANDRÉ CARAMANTE
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O policial civil Rubens Valério Barbeiro é investigado como elo de ligação entre policiais do Denarc (a delegacia de
narcóticos de São Paulo) e aliados do megatraficante Juan
Carlos Ramirez Abadía.
Barbeiro já tinha sido acusado anteriormente de corrupção
passiva, concussão (extorsão
cometida por empregado público) e enriquecimento ilícito.
Ao Ministério Público e à Polícia Federal, o empresário Daniel Braz Maróstica e sua mulher, Ana Maria Stein, admitiram que Barbeiro, conhecido
como Rubão, era amigo do casal e morador da mesma área
em que eles viviam em Aldeia
da Serra, Barueri (Grande SP),
antes de serem presos, em
agosto. Maróstica é apontado
como um dos principais sócios
de Abadía.
Uma casa no condomínio residencial Morada do Sol, onde
vive Barbeiro, custa, em média,
entre R$ 800 mil e R$ 1,5 milhão, mas há propriedades avaliadas em até R$ 3 milhões.
De acordo com investigações
sigilosas do Gaeco (Grupo de
Atuação Especial de Combate
ao Crime Organizado), do Ministério Público, e da PF, Barbeiro foi o responsável pela
apresentação de Maróstica a
policiais do Denarc, no fim de
2006, quando Ana Maria foi detida para "averiguação".
Quando estava no Denarc,
até o fim de 2006, Barbeiro
atuava no Nape (Núcleo de
Apoio e Proteção às Escolas).
Hoje, está no SIG (Setor de Investigações Gerais) de Barueri.
Ana Maria foi levada para o
Denarc sem que a polícia tivesse qualquer acusação concreta
contra ela e, segundo Maróstica, Abadía teve de pagar US$
800 mil (R$ 1,5 milhão) para libertá-la. O traficante também
teria entregue um jipe Toyota.
O delegado Pedro Luís Pórrio, responsável pelos investigadores que levaram Ana Maria
para o Denarc e a libertaram
horas depois, admitiu em entrevista à Folha que Barbeiro
levou Maróstica ao Denarc para apresentá-lo e conversar sobre a detenção de sua mulher.
A principal função de Barbeiro seria, de acordo com as investigações, ajudar os aliados
de Abadía a resolver questões
que culminassem com envolvimento policial, mas Gaeco e PF
não descartam a possibilidade
de o policial ter dado dicas sobre as ações do casal para amigos do Denarc.
Pórrio e outros oito policiais
foram afastados de seus cargos
por suspeita de extorquir Abadía e seus comparsas.
Barbeiro é investigado desde
2003 por corrupção passiva,
concussão e enriquecimento
ilícito. Ele já tentou acabar com
a investigação no Tribunal de
Justiça e no Superior Tribunal
de Justiça, mas não conseguiu.
Na Corregedoria da Polícia
Civil, a investigação contra
Barbeiro foi arquivada. Mas, de
acordo com documentos do TJ,
o fim da apuração na corregedoria ocorreu porque o policial
é amigo do "chefe da corregedora daquela instituição".
No mesmo documento, o desembargador Adalberto Denser de Sá cita uma série de procedimentos que a corregedoria deixou de cumprir. Um exemplo: não listou as contas bancárias e os imóveis do policial.
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