São Paulo, sexta-feira, 19 de outubro de 2007

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Mais 1 policial é suspeito de elo com Abadía

Investigador Rubens Barbeiro teria a função de auxiliar megatraficante a resolver questões que envolvessem a polícia

Empresário apontado como um dos principais sócios de Abadía disse ao Ministério Público que era vizinho e amigo do investigador

ANDRÉ CARAMANTE
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O policial civil Rubens Valério Barbeiro é investigado como elo de ligação entre policiais do Denarc (a delegacia de narcóticos de São Paulo) e aliados do megatraficante Juan Carlos Ramirez Abadía.
Barbeiro já tinha sido acusado anteriormente de corrupção passiva, concussão (extorsão cometida por empregado público) e enriquecimento ilícito.
Ao Ministério Público e à Polícia Federal, o empresário Daniel Braz Maróstica e sua mulher, Ana Maria Stein, admitiram que Barbeiro, conhecido como Rubão, era amigo do casal e morador da mesma área em que eles viviam em Aldeia da Serra, Barueri (Grande SP), antes de serem presos, em agosto. Maróstica é apontado como um dos principais sócios de Abadía.
Uma casa no condomínio residencial Morada do Sol, onde vive Barbeiro, custa, em média, entre R$ 800 mil e R$ 1,5 milhão, mas há propriedades avaliadas em até R$ 3 milhões.
De acordo com investigações sigilosas do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público, e da PF, Barbeiro foi o responsável pela apresentação de Maróstica a policiais do Denarc, no fim de 2006, quando Ana Maria foi detida para "averiguação".
Quando estava no Denarc, até o fim de 2006, Barbeiro atuava no Nape (Núcleo de Apoio e Proteção às Escolas). Hoje, está no SIG (Setor de Investigações Gerais) de Barueri.
Ana Maria foi levada para o Denarc sem que a polícia tivesse qualquer acusação concreta contra ela e, segundo Maróstica, Abadía teve de pagar US$ 800 mil (R$ 1,5 milhão) para libertá-la. O traficante também teria entregue um jipe Toyota.
O delegado Pedro Luís Pórrio, responsável pelos investigadores que levaram Ana Maria para o Denarc e a libertaram horas depois, admitiu em entrevista à Folha que Barbeiro levou Maróstica ao Denarc para apresentá-lo e conversar sobre a detenção de sua mulher.
A principal função de Barbeiro seria, de acordo com as investigações, ajudar os aliados de Abadía a resolver questões que culminassem com envolvimento policial, mas Gaeco e PF não descartam a possibilidade de o policial ter dado dicas sobre as ações do casal para amigos do Denarc.
Pórrio e outros oito policiais foram afastados de seus cargos por suspeita de extorquir Abadía e seus comparsas.
Barbeiro é investigado desde 2003 por corrupção passiva, concussão e enriquecimento ilícito. Ele já tentou acabar com a investigação no Tribunal de Justiça e no Superior Tribunal de Justiça, mas não conseguiu.
Na Corregedoria da Polícia Civil, a investigação contra Barbeiro foi arquivada. Mas, de acordo com documentos do TJ, o fim da apuração na corregedoria ocorreu porque o policial é amigo do "chefe da corregedora daquela instituição".
No mesmo documento, o desembargador Adalberto Denser de Sá cita uma série de procedimentos que a corregedoria deixou de cumprir. Um exemplo: não listou as contas bancárias e os imóveis do policial.


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