São Paulo, sexta-feira, 19 de outubro de 2007

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Prefeitura decide fechar lojas em Moema

Segundo a administração municipal, comerciantes da avenida dos Eucaliptos estão em desacordo com lei de zoneamento

Segundo a prefeitura, comércio gera trânsito em área residencial; para lojistas, trânsito decorre da presença de shopping

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo decidiu fechar 48 lojas da avenida dos Eucaliptos, em Moema (zona sul). Ontem, 12 delas já haviam baixado as portas antes de serem lacradas por falta de alvará ou por estarem em desacordo com a lei de zoneamento.
Como a maioria descumpriu a ordem de duas semanas e meia atrás, uma ação estava prevista para a 1h de hoje para que os estabelecimentos amanhecessem interditados com lacre. Ação idêntica está prevista para as 14h na rua Alvarenga, no Butantã (zona oeste).
O que diz a Subprefeitura da Vila Mariana: a via é classificada como "zona de centralidade linear". Noutras palavras, não pode ter comércio para não gerar trânsito na área residencial.
O que dizem os lojistas: a Eucaliptos serve de ligação entre a Santo Amaro e a Ibirapuera, e os carros que por ali passam têm o shopping como destino.
Muitos dos comerciantes dali dizem estar no local há 15 ou 20 anos sem alvará e que, mesmo assim, a prefeitura cobra os impostos devidos. A subprefeitura atribui a demora da vistoria ao número baixo de fiscais (17) para toda a região.
"Tem de respeitar o zoneamento. Isso é definitivo, não tem jeito. Quando começa assim, a rua seguinte vai ter o mesmo destino. A deterioração dos bairros começa desse jeito", diz o secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo.
"A desculpa é o trânsito, mas se fecharem a Eucaliptos, terão de fechar Moema inteiro", diz Alexandra Marcela Chioccarello, dona da Cia das Capas.
"Não é que vá deixar de ter atividades. O que vai ter é uma troca de estabelecimentos por outros. A rua tem zoneamento que permite atividades profissionais, como escritórios de arquitetura", afirma o subprefeito interino da Vila Mariana, Alexandre Modonese.
Para urbanistas ouvidos pela Folha, caso o comércio fosse definitivamente suprimido, é pouco provável que a Eucaliptos voltasse a ser a rua residencial que foi no passado. Como as casas estão hoje estruturadas como lojas (sem divisão de quarto/sala/cozinha), corre-se o risco de ficar abandonada.
Mobilizados, os lojistas criaram uma comissão e pediram ao vereador Antonio Carlos Rodrigues (PR), presidente da Casa, que apresente um projeto de lei que mude a classificação da região, liberando os negócios. Para Rodrigues, o projeto visa legalizar uma situação que perdura "há mais de 20 anos".


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