São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2008

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Coronel defende ação da PM no caso Eloá

Comandante diz que Nayara voltou ao prédio para negociar com criminoso, mas que ela não deveria ter entrado em apartamento

"Encarei aquela ocorrência como seu meu filho estivesse lá dentro. Eu colocaria meu filho no lugar da Nayara", afirmou Félix

Robson Ventura/ Folha Imagem
Comandantes Adriano Giovanni (esq.) e Dipieri (dir.) e col. Felix (centro) durante coletiva

DA REPORTAGEM LOCAL

O coronel Eduardo José Félix, comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar de São Paulo, disse ontem que colocaria um filho seu no lugar de Nayara Rodrigues da Silva, 15, que retornou ao apartamento por orientação da polícia depois de ter sido libertada e acabou sendo baleada na boca.
Félix foi responsável pela operação de resgate das meninas. Nayara e Eloá Cristina Pimentel foram baleadas. Eloá, ex-namorada de Lindemberg, continua em estado gravíssimo no Centro Médico Hospitalar do Município de Santo André.
As garotas haviam sido seqüestradas na segunda-feira dentro do apartamento da família de Eloá pelo ex-namorado dela, Lindemberg Fernandes Alves, 22, que foi preso, após cerca de cem horas.
O coronel defendeu a ação do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) e disse que a equipe foi pega de surpresa, quando Nayara entrou novamente ao apartamento, dois dias após ter sido libertada.
"Encarei aquela ocorrência como seu meu filho estivesse lá dentro. Eu colocaria meu filho no lugar da Nayara", afirmou Félix, ao ser indagado sobre os riscos que a menina correu.
O coronel autorizou que Nayara voltasse ao apartamento a pedido de Lindemberg para auxiliar na negociação -ela acabou entrando no apartamento e voltou a ser refém. A decisão foi criticada por especialistas em negociações de casos de seqüestro, em razão dos riscos.
Na versão do oficial da PM, o seqüestrador havia exigido a presença de Nayara e um irmão dela, que seria o melhor amigo de Lindemberg, o que foi aceito pela equipe de negociadores.
O plano do Gate, disse o coronel, era fazer com que o irmão convencesse Lindemberg a desistir "da idéia de se matar".
"A mãe autorizou, e o grupo analisou. Até onde ela iria não ia ter risco nenhum. O que ocorre é que o irmão parou [antes de chegar à porta], e ela não parou. Foi uma reação dela, o que não esperávamos. Não passou pela cabeça da equipe que ela fosse entrar", disse.
A todo momento, o coronel afirmava que o Gate só decidiu invadir o apartamento após a equipe que estava ao lado ouvir um tiro disparado pelo rapaz.
Também relatou que o explosivo colocado na porta do apartamento não foi suficiente para permitir a entrada da equipe de resgate, porque Lindemberg havia colocado móveis para impedir a invasão.
A todo momento, o coronel atribuía o desfecho do caso ao desequilíbrio de Lindemberg e dizia que a competência do Gate não poderia ser questionada. "Esse final não foi produzido pelo Gate. Foi produzido por ele [Lindemberg]."
Segundo o coronel, foi encontrado no apartamento um revólver calibre 22 com cinco projéteis disparados. Dois deles atingiram Eloá, um, Nayara, outro na parede e o último, provavelmente, no escudo do Gate.


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