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Polícia teve chance de matar Lindemberg
Disparo poderia ser feito de longe por atirador de elite, mas PM tinha esperança de que reféns fossem liberadas pacificamente
Comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar diz que a polícia seria muito criticada pelos órgãos da imprensa se matasse Alves
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Militar afirmou ontem que teve chance de matar
Lindemberg Fernandes Alves,
22, com um disparo que seria
feito de longe por um atirador
de elite, mas não o fez porque
tinha esperança de que ele liberasse seus dois reféns pacificamente. A decisão foi tomada
com base no perfil de Alves, que
não tinha antecedentes criminais e agia motivado por uma
questão passional.
"Nós poderíamos ter matado
[Alves], ter dado o tiro, mas é
um garoto de 22 anos de idade,
sem antecedentes criminais e
com uma crise amorosa. Se nós
tivéssemos atingido o Lindemberg, fatalmente os senhores
estariam questionando o Gate
[Grupo de Ações Táticas Especiais] sobre por que não negociaram mais", disse o coronel
Eduardo Félix, comandante do
Batalhão de Choque da PM.
Ele afirmou que não tem medo das críticas da imprensa e
que "o resultado [da ação] não
foi produzido pelo Gate, ele foi
produzido pelo Lindemberg".
Félix também disse que o Gate teve dificuldade para entrar
no apartamento, pois a porta
havia sido escorada com uma
mesa e uma estante.
"Se a porta tivesse aberto por
inteiro com a explosão, não daria tempo dele reagir. Ocorre
que a porta não abriu de uma
vez", disse. Félix afirmou que
os policiais decidiram invadir o
apartamento ao ouvir um tiro.
Enquanto o Gate usava explosivos e batia cinco vezes na porta
com um metal, ele teve tempo
de descarregar a arma, atingindo as vítimas e o escudo dos
PMs. Ele atingiu sua ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, 15,
com dois tiros e a amiga dela
Nayara Rodrigues da Silva, 15,
com um disparo.
O coronel disse ainda que os
PMs dispararam apenas munição de borracha dentro do
apartamento, o que descartaria
a possibilidade de uma das moças ter sido atingida por PMs.
O capitão Adriano Giovanini,
comandante do Gate e negociador, afirmou que havia a possibilidade de usar gás ou colocar
remédios soníferos na comida
de Alves, a opção, porém, foi
descartada pois os agentes químicos levariam pelo menos 15
minutos para fazer o rapaz dormir. Nesse período, Alves poderia ficar nervoso e atirar nas
duas reféns. Além disso, Alves e
as reféns poderiam morrer se
consumissem uma dose muito
grande do agente químico.
A PM afirmou ainda que Alves é inteligente e deve ter planejado sua ação com muita antecedência, pois ele nunca dormia no mesmo lugar e, quando
a luz do apartamento foi cortada, pedia que as reféns acendessem e carregassem uma vela, para que ele não fosse atingido por um atirador de elite. Félix ressalvou que não houve erro na ação.
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