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Piora estado de saúde da menina Eloá
Se sobreviver, segundo os médicos, jovem pode ficar em estado vegetativo; estudante perdeu bastante massa encefálica
"Ela chegou com os reflexos
neurológicos favoráveis;
hoje já não está assim e o
quadro atual é grave", disse
o médico Marco Túlio Setti
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
O estado de saúde da estudante Eloá Cristina Pimentel,
de 15 anos, baleada na tarde de
sexta-feira na cabeça após ter
sido mantida refém pelo ex-namorado, em Santo André
(Grande São Paulo) por mais de
cem horas, piorou bastante.
Se conseguir sobreviver, de
acordo co os médicos, há risco
de que fique com seqüelas irreversíveis, em estado vegetativo.
A bala continua alojada em seu
cérebro.
Para explicar como está a
saúde de Eloá, os médicos do
Centro Hospitalar Municipal
de Santo André utilizaram ontem uma escala que mede o nível de funcionamento neurológico após um trauma craniano,
que vai de 3 (o estado mais crítico) a 15 (o melhor estado).
Anteontem, quando chegou
ao hospital para ser operada,
seu nível era o 4. Na manhã de
ontem, havia piorado para o 3.
"Ela chegou com os reflexos
neurológicos favoráveis. Hoje
já não está assim. O quadro
atual é grave. Houve uma piora
importante. Perdeu bastante
massa encefálica", afirmou
Marco Túlio Setti, o médico
que a operou.
O neurocirurgião declarou
que o disparo que a atingiu na
cabeça provavelmente foi dado
a queima-roupa.
Segundo o médico, há o risco
de a adolescente ter seqüelas
graves. "Ainda é cedo para falar
em morte cerebral, mas existe
essa possibilidade", afirmou.
Ainda de acordo com Setti, só
será possível fazer uma avaliação melhor quando a paciente
sair do coma induzido, o que estava previsto para ocorrer ontem à tarde.
Ela está na UTI (unidade de
terapia intensiva), a ala do hospital onde ficam os pacientes
em estado mais grave. O médico disse que não havia outra cirurgia prevista, nem mesmo
para a retirada da bala.
Massa encefálica
Eloá recebeu dois disparos.
Uma das balas atingiu sua virilha esquerda. Esse ferimento
não preocupa os médicos.
A outra bala acertou a testa
dela, pelo lado direito, e seguiu
cerca de 25 cm até chegar ao cerebelo. Percorreu a cabeça quase de ponta a ponta.
Nesse percurso, a bala destruiu uma parte considerável
de massa encefálica.
O cerebelo é a parte do cérebro que controla os músculos
responsáveis pelo equilíbrio.
A adolescente foi submetida
a uma cirurgia que durou cerca
de três horas para corrigir essa
destruição do cérebro.
Chegou ao centro cirúrgico
com hemorragia, que foi estancada. Após a operação, a menina foi colocada em coma induzido, por medicamentos.
O objetivo do coma é reduzir
o metabolismo do cérebro e, assim, facilitar sua recuperação.
Pais
Os pais de Eloá estavam ontem de manhã no hospital público de Santo André. O pai, Aldo Silva, que havia tido uma crise de hipertensão na noite de
anteontem e teve de ser sedado,
encontrava-se melhor ontem.
A mãe, Cristina, precisou ser
atendida por psicólogos do hospital ontem de manhã.
Ela ficou ao lado da filha durante a noite, de acordo com a
médica Rosa Maria Pinto
Aguiar. "Falou com a filha o
tempo todo: "A mamãe te ama.
Eu espero que você...'", contou
a médica. Emocionada, Rosa
Maria interrompeu a frase
quando percebeu que começaria a chorar.
A primeira entrevista coletiva de ontem sobre o estado de
saúde da adolescente teve a
participação dos médicos do
hospital, do prefeito de Santo
André, João Avamileno (PT), e
do secretário municipal da Saúde, Homero Nepomuceno
Duarte.
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