São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2008

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"Quero Eloá, amo a Eloá", diz Lindemberg na prisão

Por medida de segurança, rapaz está em cela isolado de outros presos em CDP

Ex-advogado de Lindemberg disse que rapaz estava tenso na negociação e que renunciou à defesa do jovem pela "quebra de confiança"

KLEBER TOMAZ
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL


Durante as sete horas em que ficou preso numa cela na sede do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) em Santo André, Lindemberg falou aos policiais que ama Eloá, se queixou de dores pelo corpo e foi medicado.
Isolado dos demais presos, por questão de segurança, ele não chorou, não dormiu, não comeu nem bebeu.
Alves só dizia: "Quero Eloá. Eu amo a Eloá. Ela é tudo em minha vida". De acordo com os policiais que tiveram contato com Alves, ele aparentava estar em estado de choque, sem saber o que havia acontecido.
Sentado no chão de cimento, o auxiliar de produção ocupou uma cela de 5 m x 2 m e foi isolado dos 15 presos que ocupavam 4 das 9 celas.
Assim que foi preso, Lindemberg foi levado ao 6º Distrito Policial, onde foi autuado por tentativa de homicídio contra Eloá, sua ex-namorada, e Nayara, e por cárcere privado contra as duas garotas e outros dois adolescentes. No 6º DP, ele se recusou a falar, mas deve ainda ser ouvido, segundo o delegado seccional de Santo André, Luiz Carlos dos Santos.
Por falta de segurança (a população ameaçava linchá-lo), a polícia transferiu Lindemberg do 6º DP para a sede do Garra -onde ficou das 19h30 de anteontem até as 2h30 de ontem.
Mais tarde, ele foi levado para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros (zona oeste de SP) -que abriga presos ameaçados de morte por detentos-, onde permanecia até o fechamento desta edição.
Até o momento, a Polícia Civil já ouviu 18 pessoas, entre PMs, vizinhos e três vítimas -Nayara e os dois jovens.
Lindemberg também deve ser indiciado por invasão de domicílio, ameaça, porte ilegal de arma e resistência à prisão.
Peritos recolheram uma amostra de sangue de Alves para saber se ele estava sob efeito de drogas ou se manteve relação sexual com as vítimas.

Ex-advogado
Eduardo Lopes, ex-advogado de Lindemberg Alves, disse ontem que o rapaz se mostrou "instável" durante a negociação: "Ele dizia que havia um diabinho e um anjinho, e que o diabinho estava falando mais alto [no final]. Dizia também que queria que invadissem para ele colocar um fim a tudo".
Segundo Lopes, Lindemberg fazia exigências, mas recuava logo depois. Ele afirma que "tudo caminhava para um desfecho pacífico, mas, em algum momento, ele achou que havia feito uma burrada e que não tinha mais volta". Lopes disse que renunciou à defesa do rapaz pela "quebra de confiança". O advogado disse que conversou com os familiares de Lindemberg na noite de anteontem. "Eles ficaram chocados porque a negociação caminhava para um desfecho pacífico. Estão tristes e chocados."
Segundo Lopes, Lindemberg foi criado só pela mãe, "uma pessoa humilde e religiosa".

Apartamento
Peritos da polícia técnico-científica de Santo André informaram ontem que o apartamento da família de Eloá foi lacrado. A família só poderá entrar no local com autorização da polícia. O motivo é que o imóvel ficará preservado para futuras perícias e exames complementares. A interdição é por tempo indeterminado.
Peritos foram anteontem ao apartamento, fotografaram, recolheram materiais pertinentes para entender a cena do crime. As armas usadas pelos PMs seriam seis e o revólver com Lindemberg estão com Polícia Civil e não foram encaminhados para perícia.
A perícia ainda tem duvidas sobre o crime, entre as quais entender como ocorreu a ação. Eles querem ter acesso aos depoimentos saber ação da PM, de Lindemberg das garotas. A cena do crime so será esclarecida com a reconstituição que ainda não tem data para acontecer.


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