São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2008

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Mãe permanece na UTI e comove médicos

Ana Cristina Pimentel ficou todo o tempo ao lado da filha Eloá no hospital e disse repetidamente "a mamãe te ama"

DA REPORTAGEM LOCAL

A mãe do adolescente Eloá, Cristina, permaneceu o tempo todo ao lado da filha na UTI (unidade de terapia intensiva do Centro Hospitalar do município de Santo André. O sofrimento da mãe comoveu a equipe médica.
A diretora do hospital Rosa Maria Pinto Aguiar ficou com os olhos cheios de lágrimas quando comentava o caso durante coletiva com os jornalistas. "A mãe falou com a filha o tempo todo: "A mamãe te ama. Eu espero que você...'", contou a médica que interrompeu a frase quando percebeu que começaria a chorar. Rosa Maria disse que o hospital, que faz parte da rede pública de saúde, atende a todo momento casos semelhantes de violência, mas que o espisódio de Eloá é diferente.
"Nós nos envolvemos no atendimento desde o início. Demos apoio no local [no prédio onde o namorado manteve Eloá refém]. Mexeu muito com a família. Não temos como não sentir a dor da família", disse a médica mais uma vez emocionada.
Na tarde de ontem, a mãe e um dos dois irmãos de Eloá estavam na UTI. O pai, Aldo Silva - que na véspera havia tido uma crise de hipertensão- saiu pela primeira vez do hospital. A família toda foi atendida pela equipe de psicólogos de Santo André.

À queima-roupa
Para explicar como está a saúde de Eloá, os médicos do Centro Hospitalar Municipal de Santo André utilizaram ontem uma escala que mede o nível de funcionamento neurológico após um trauma craniano, que vai de 3 (o estado mais crítico) a 15 (o melhor estado). Anteontem, quando chegou ao hospital para ser operada, seu nível era o 4. Ontem, havia piorado para o 3.
"Ela chegou com os reflexos neurológicos favoráveis. Hoje [ontem] já não está assim. O quadro atual é grave. Houve uma piora importante. Perdeu bastante massa encefálica", disse Marco Túlio Setti, que a operou.
O neurocirurgião declarou que o disparo que a atingiu na cabeça provavelmente foi dado a queima-roupa. Era esperado para o final da noite de ontem o diagnóstico de morte encefálica. O médico disse que não havia outra cirurgia prevista, nem mesmo para a retirada da bala.
A primeira entrevista coletiva de ontem sobre o estado de saúde da adolescente teve a participação dos médicos do hospital, do prefeito de Santo André, João Avamileno (PT), e do secretário municipal da Saúde, Homero Nepomuceno Duarte. (RICARDO WESTIN)


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