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IGNEZ BARRETO DE ALMEIDA PRADO (1920-2008)
Os 42 anos dedicados à "inculta e bela"
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ignez rabiscou no papel:
"Chuva pára São Paulo". Radicalmente contrária à nova reforma ortográfica, que derrubará em breve alguns sinais
gráficos da língua portuguesa,
argumentou: "Imagine o sentido da mesma frase sem o acento?"
Professora desde 1941, quando começou a dar aulas em sua
terra natal -Jundiaí (SP)-, Ignez Barreto de Almeida Prado
lecionou em várias cidades do
interior do Estado: Cândido
Mota, Itaqueri da Serra, Pederneiras, Dois Córregos e Bocaina.
O trabalho do marido, com
quem se casou em 1949, contribuiu para tanta mudança -ele
era gerente de banco.
Em 1966, veio a São Paulo,
onde se aposentou 17 anos depois. Deu aulas por 42 anos,
mas não parou de se dedicar à
educação: incentivada pelo irmão, dono de uma editora em
Curitiba, publicou vários livros
didáticos.
Era fanática pelo professor
Pasquale, colunista desta Folha. Chegou a juntar cerca de
300 recortes de jornais com
textos do professor.
Num dos cadernos que deixou guardado, com recortes de
jornal já amarelados pelo tempo e anotações à caneta, escreveu em cima de uma das colunas: "Nessa, eu não caio!" Era
um texto de Pasquale, de 1997,
sobre os usos do pronome "cujo". Sentia-se segura.
Ficou viúva em 2002. Morreu na terça, aos 87, de parada
cardiorrespiratória, em SP. Foi
enterrada na quarta, Dia do
Professor. Deixa duas filhas e
quatro netas.
obituario@folhasp.com.br
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