São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2008

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IGNEZ BARRETO DE ALMEIDA PRADO (1920-2008)

Os 42 anos dedicados à "inculta e bela"

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ignez rabiscou no papel: "Chuva pára São Paulo". Radicalmente contrária à nova reforma ortográfica, que derrubará em breve alguns sinais gráficos da língua portuguesa, argumentou: "Imagine o sentido da mesma frase sem o acento?"
Professora desde 1941, quando começou a dar aulas em sua terra natal -Jundiaí (SP)-, Ignez Barreto de Almeida Prado lecionou em várias cidades do interior do Estado: Cândido Mota, Itaqueri da Serra, Pederneiras, Dois Córregos e Bocaina.
O trabalho do marido, com quem se casou em 1949, contribuiu para tanta mudança -ele era gerente de banco.
Em 1966, veio a São Paulo, onde se aposentou 17 anos depois. Deu aulas por 42 anos, mas não parou de se dedicar à educação: incentivada pelo irmão, dono de uma editora em Curitiba, publicou vários livros didáticos.
Era fanática pelo professor Pasquale, colunista desta Folha. Chegou a juntar cerca de 300 recortes de jornais com textos do professor.
Num dos cadernos que deixou guardado, com recortes de jornal já amarelados pelo tempo e anotações à caneta, escreveu em cima de uma das colunas: "Nessa, eu não caio!" Era um texto de Pasquale, de 1997, sobre os usos do pronome "cujo". Sentia-se segura.
Ficou viúva em 2002. Morreu na terça, aos 87, de parada cardiorrespiratória, em SP. Foi enterrada na quarta, Dia do Professor. Deixa duas filhas e quatro netas.

obituario@folhasp.com.br


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