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Cirurgião e professor às vezes "trava" nas aulas de francês
DA REPORTAGEM LOCAL
Aos 65 anos, Tarcísio Triviño
é um experiente cirurgião do
aparelho digestivo e um respeitado professor de medicina na
Unifesp (Universidade Federal
de São Paulo). Nas aulas de
francês para iniciantes duas vezes por semana, porém, tamanho conhecimento não o coloca na frente dos companheiros.
O mais velho da turma, ele se
surpreende com a desenvoltura principalmente dos colegas
adolescentes. Diante do desempenho dos colegas, Triviño
às vezes trava e participa menos das aulas do que gostaria.
"Eu me policio muito. Tenho
medo de falar algo errado, alguma bobagem, e que os outros
dêem risada. O senso crítico é
muito forte. O jovem chega a
ser quase irresponsável na sua
exposição. Fala aquilo que vem
à cabeça. E, se a professora corrige, você não percebe mudança na fisionomia dele."
Apesar da inibição, o médico
afirma que sente prazer em ir
às aulas de francês. Garante
que vai terminar o curso.
"Quando a coisa causa sofrimento, dissabor, o melhor é parar. Não é o meu caso."
A colega Laura Duarte, 16,
procura acalmá-lo: "Sala de aula é lugar de errar mesmo".
O empresário goiano Geraldo Faria Rezende Filho, 47, calcula ter começado a estudar inglês "umas 12, 15 vezes". "Eu tenho fascinação pela língua, só
que é aquele negócio: eu tenho
uma certa dificuldade", admite.
As aulas numa escola de idiomas não deram certo. "A classe
tinha 12 alunos. Eu morria de
vergonha. Foi um arraso." Desde então, tem recorrido a professores particulares. Nessas
tentativas, Rezende Filho se
deu conta de que o problema
não era só com os colegas.
"Eu tenho um medo tremendo de ser repreendido pelo professor: "Pô, acabei de ensinar e
você responde errado!". Nenhum professor chegou a me
dizer isso, mas eu me sentia
mal quando me corrigia com
indelicadeza, frieza. Eu só preciso de paciência. Isso aconteceu algumas vezes. Para mim,
era o fim da picada."
(RW)
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