São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2008

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Cirurgião e professor às vezes "trava" nas aulas de francês

DA REPORTAGEM LOCAL

Aos 65 anos, Tarcísio Triviño é um experiente cirurgião do aparelho digestivo e um respeitado professor de medicina na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Nas aulas de francês para iniciantes duas vezes por semana, porém, tamanho conhecimento não o coloca na frente dos companheiros.
O mais velho da turma, ele se surpreende com a desenvoltura principalmente dos colegas adolescentes. Diante do desempenho dos colegas, Triviño às vezes trava e participa menos das aulas do que gostaria.
"Eu me policio muito. Tenho medo de falar algo errado, alguma bobagem, e que os outros dêem risada. O senso crítico é muito forte. O jovem chega a ser quase irresponsável na sua exposição. Fala aquilo que vem à cabeça. E, se a professora corrige, você não percebe mudança na fisionomia dele."
Apesar da inibição, o médico afirma que sente prazer em ir às aulas de francês. Garante que vai terminar o curso. "Quando a coisa causa sofrimento, dissabor, o melhor é parar. Não é o meu caso."
A colega Laura Duarte, 16, procura acalmá-lo: "Sala de aula é lugar de errar mesmo".
O empresário goiano Geraldo Faria Rezende Filho, 47, calcula ter começado a estudar inglês "umas 12, 15 vezes". "Eu tenho fascinação pela língua, só que é aquele negócio: eu tenho uma certa dificuldade", admite.
As aulas numa escola de idiomas não deram certo. "A classe tinha 12 alunos. Eu morria de vergonha. Foi um arraso." Desde então, tem recorrido a professores particulares. Nessas tentativas, Rezende Filho se deu conta de que o problema não era só com os colegas.
"Eu tenho um medo tremendo de ser repreendido pelo professor: "Pô, acabei de ensinar e você responde errado!". Nenhum professor chegou a me dizer isso, mas eu me sentia mal quando me corrigia com indelicadeza, frieza. Eu só preciso de paciência. Isso aconteceu algumas vezes. Para mim, era o fim da picada." (RW)


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