São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 2011

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Receitas e festas típicas vão virar patrimônio paulista

Governo publica decreto que permite tombamento de bens imateriais do Estado

Prefeitura paulistana está criando regra parecida, que pode reconhecer o sotaque da Mooca como bem

VANESSA CORREA
DE SÃO PAULO

Receitas, festas típicas e outras manifestações culturais paulistas podem, a partir de agora, ser oficialmente reconhecidas como patrimônios do Estado de São Paulo.
Isso porque, ontem, decreto do governador Geraldo Alckmin (PSDB) instituiu o registro dos "bens culturais de natureza imaterial". Esse tipo de proteção já era feita pelo órgão federal do patrimônio, o Iphan, que "tombou" manifestações como o o "modo artesanal de fazer queijo de Minas", mas não havia feito o mesmo com nenhum bem tipicamente paulista até hoje.
Segundo o secretário de Estado da Cultura, Andrea Matarazzo, com a medida será possível preservar, por exemplo, a receita da broa de milho, "registrando exatamente quantos gramas de farinha ela leva. Daqui a cem anos, você pode buscar essa receita e saber que ela é original".
A Congada, dança de origem africana que ocorre em diversas partes do Estado, já teve o pedido de reconhecimento protocolado. Segundo Matarazzo, o registro da dança e de suas variantes poderá ser feito por meio de fotos, filmagens e textos. Além disso, com o reconhecimento do Estado, essas práticas ganham mais visibilidade e maior chance de obter financiamentos públicos voltados à cultura.

MOOCA E BELAS ARTES
A Prefeitura de São Paulo também está criando uma regulamentação similar. Há sete pedidos para reconhecer bens imateriais da cidade, como o sotaque da Mooca.
Como o novo decreto estadual prevê o tombamento de uma edificação caso esta seja importante para a preservação de um patrimônio imaterial, na avaliação da arquiteta Raquel Rolnik a norma "tem tudo a ver como o caso do Cine Belas Artes".
O cinema da região central da cidade foi fechado em março, sob protestos públicos, após 43 anos em funcionamento. A prefeitura, ao avaliar o objetivo do pedido como forma de preservar o local, não sua arquitetura, rejeitou tombar o cinema de rua. Pouco depois da decisão municipal, o governo do Estado abriu outro processo de tombamento. O Movimento Pelo Belas Artes, que luta para que o cinema seja reaberto, afirma avaliar agora pedir seu registro como bem imaterial.


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