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SEGURANÇA
Proposta é compartilhar dados em sistemas únicos nos Estados; fim de inquérito policial também foi deixado de lado
Governo abandona idéia de unificar polícias
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal abandonou a
proposta de unificar as polícias civil e militar, prevista no programa
de governo do PT, e vai regulamentar a Constituição criando
oficialmente o Susp (Sistema Único de Segurança Pública), que hoje funciona por meio de acordos
com os governos estaduais. Também foi deixado de lado o fim do
inquérito policial.
O Ministério da Justiça ainda finaliza o projeto de lei que tornará
lei o Susp. Se o projeto for aprovado pelo Congresso, o sistema vai
se tornar obrigatório nas próximas gestões estaduais.
Segundo o secretário nacional
de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, a opção feita pelo
governo foi aperfeiçoar as instituições existentes, em vez de promover mudanças drásticas. "A escolha foi pela integração, e não
unificação das polícias", disse.
O programa de governo "Segurança Pública para o Brasil", apresentado pelo então candidato Lula em 2002, previa a unificação
gradual das polícias estaduais.
O texto aponta falhas no inquérito policial como é hoje, sugerindo a adoção de um relatório sumário, que não traria indiciamento de suspeitos. O problema é que
a Polícia Civil dos Estados não
abre mão do instrumento.
No Susp, as diversas instituições
ligadas à segurança pública (polícias estaduais e federal, Ministério
Público e Judiciário) formam o
Gabinete de Gestão Integrada nos
Estados, cuja função é compartilhar dados e traçar estratégias em
conjunto dos órgãos. O governo
espera criar no futuro GGIs regionais e um GGI nacional.
O que seria, na teoria, uma solução esbarra, na resistência das polícias, que não aceitam compartilhar informações sensíveis.
Corpo técnico
Segundo o secretário Luiz Fernando Corrêa, o intercâmbio de
informações e a alimentação de
bancos de dados não ficarão sujeitos a mudanças nos governos,
porque a União vem treinando o
corpo técnico das secretarias estaduais. Ou seja, a responsabilidade
de adicionar um novo inquérito
no sistema nacional de crimes, o
Infoseg, fica a cargo de um técnico
de carreira, e não do detentor de
cargo de confiança.
O governo federal também vem
priorizando a qualificação das polícias estaduais, em vez de unificar
as instituições. Como exemplo, o
secretário cita os treinamentos de
policiais militares na Academia
Nacional de Polícia, a construção
de dez laboratórios de DNA no
próximo ano e cursos para atendimento ao público, voltado para
as polícias civis.
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