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OceanAir aposta em Fokker "ressuscitado"
Frota inclui 16 Fokker-100 com média de 15 anos que estavam armazenados em "cemitério de aviões" do deserto de Mojave, nos EUA
Segundo especialistas, é fundamental manter a qualidade e a eficiência da manutenção dos aviões "descartados"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com planos para abocanhar
uma parcela maior do mercado
nacional, a OceanAir opera hoje no país uma frota peculiar de
grandes aeronaves: 16 Fokker-100 com média de 15 anos de
idade que estavam armazenados de dois a quatro anos no famoso "cemitério de aviões" do
deserto de Mojave (Califórnia,
Estados Unidos.
Seus dois Boeings-767 também fizeram rápida passagem
no cemitério de Marana, no
Arizona.
A compra de aviões "descartados" por outras empresas é
prática comum no mercado de
aviação, fruto de estocagem por
crises no setor -como o pós-11
de Setembro, quando o mercado mundial perdeu passageiros- e da demanda posterior
de pequenas empresas aéreas.
A rigor, não se traduz em menor segurança.
Mas o estigma dos Fokker-100 no Brasil levou a OceanAir
a batizá-los de MK-28 -o nome técnico do modelo é F28-MK100.
O aparelho é associado aos
acidentes que ocorreram em
sua operação na TAM, principalmente na década de 90,
quando compunham o núcleo
da empresa.
A TAM também está em processo para desativar o modelo,
mas ainda tem 13 em sua frota.
É a companhia aérea que faz a
manutenção dos Fokker da
OceanAir, já que a fabricante
holandesa faliu em 1996.
Sem preconceito
"Não há problema em ficar
no cemitério, além do preconceito. Os aviões estão armazenados em condições adequadas
para evitar entrada de poeira
ou ferrugem. O uso desses
aviões é uma questão de oportunidade", disse Ronaldo Jenkins, diretor de segurança de
vôo do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aéreas).
A OceanAir foi procurada durante a semana pela Folha por
meio de sua assessoria de imprensa, mas não atendeu ao pedido de entrevista da reportagem para falar sobre as condições de sua frota.
"Os custos para reativar o
avião depois da estocagem e recuperar o certificado de aeronavegabilidade são altos", afirma o consultor de segurança aérea suíço Hans-Peter Graf.
De acordo com os especialistas, o importante é a qualidade
e eficiência da manutenção
após a retirada do deserto.
No caso dos Fokker-100 a
preocupação existe em razão
da idade das aeronaves -classificados de "geriátricas"- e o
modelo operacional de frota diversificada e manutenção terceirizada.
A frota heterogênea como a
da OceanAir, em geral, implica
em preocupações com o treinamento amplo na parte operacional e de checagens básicas
de manutenção da empresa. A
empresa opera atualmente cinco tipos de avião.
Compra
Os Fokker-100 foram comprados da American Airlines
por um preço anunciado de
US$ 60 milhões -valor que só
arrebataria dois aviões novos
da mesma categoria, como o
Embraer-190.
A reabilitação foi feita no exterior, e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) conferiu
os registros entregues pela empresa, mas sem acompanhar o
processo de reparos e adaptações, segundo informação do
próprio órgão.
(LEILA SWWAN)
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