São Paulo, segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OceanAir aposta em Fokker "ressuscitado"

Frota inclui 16 Fokker-100 com média de 15 anos que estavam armazenados em "cemitério de aviões" do deserto de Mojave, nos EUA

Segundo especialistas, é fundamental manter a qualidade e a eficiência da manutenção dos aviões "descartados"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com planos para abocanhar uma parcela maior do mercado nacional, a OceanAir opera hoje no país uma frota peculiar de grandes aeronaves: 16 Fokker-100 com média de 15 anos de idade que estavam armazenados de dois a quatro anos no famoso "cemitério de aviões" do deserto de Mojave (Califórnia, Estados Unidos.
Seus dois Boeings-767 também fizeram rápida passagem no cemitério de Marana, no Arizona.
A compra de aviões "descartados" por outras empresas é prática comum no mercado de aviação, fruto de estocagem por crises no setor -como o pós-11 de Setembro, quando o mercado mundial perdeu passageiros- e da demanda posterior de pequenas empresas aéreas. A rigor, não se traduz em menor segurança.
Mas o estigma dos Fokker-100 no Brasil levou a OceanAir a batizá-los de MK-28 -o nome técnico do modelo é F28-MK100.
O aparelho é associado aos acidentes que ocorreram em sua operação na TAM, principalmente na década de 90, quando compunham o núcleo da empresa.
A TAM também está em processo para desativar o modelo, mas ainda tem 13 em sua frota. É a companhia aérea que faz a manutenção dos Fokker da OceanAir, já que a fabricante holandesa faliu em 1996.

Sem preconceito
"Não há problema em ficar no cemitério, além do preconceito. Os aviões estão armazenados em condições adequadas para evitar entrada de poeira ou ferrugem. O uso desses aviões é uma questão de oportunidade", disse Ronaldo Jenkins, diretor de segurança de vôo do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aéreas).
A OceanAir foi procurada durante a semana pela Folha por meio de sua assessoria de imprensa, mas não atendeu ao pedido de entrevista da reportagem para falar sobre as condições de sua frota.
"Os custos para reativar o avião depois da estocagem e recuperar o certificado de aeronavegabilidade são altos", afirma o consultor de segurança aérea suíço Hans-Peter Graf.
De acordo com os especialistas, o importante é a qualidade e eficiência da manutenção após a retirada do deserto.
No caso dos Fokker-100 a preocupação existe em razão da idade das aeronaves -classificados de "geriátricas"- e o modelo operacional de frota diversificada e manutenção terceirizada.
A frota heterogênea como a da OceanAir, em geral, implica em preocupações com o treinamento amplo na parte operacional e de checagens básicas de manutenção da empresa. A empresa opera atualmente cinco tipos de avião.

Compra
Os Fokker-100 foram comprados da American Airlines por um preço anunciado de US$ 60 milhões -valor que só arrebataria dois aviões novos da mesma categoria, como o Embraer-190.
A reabilitação foi feita no exterior, e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) conferiu os registros entregues pela empresa, mas sem acompanhar o processo de reparos e adaptações, segundo informação do próprio órgão.
(LEILA SWWAN)


Texto Anterior: Para docentes e alunos, tema facilitou a 1ª fase da Unicamp
Próximo Texto: Anac deixa de divulgar dados de empresas aéreas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.