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LUIZ FRANCISCO DA SILVA CARVALHO (1921-2008)
Um homem que conheceu de perto os três Poderes
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
O pai, médico pediatra, havia acabado de se eleger vereador em Bauru (SP). Um
ano depois, veio a Revolução
de 1930 e suspendeu a legislatura. Foi a primeira desavença com Getulio Vargas.
A segunda se deu com o filho Luiz Francisco da Silva
Carvalho. Nascido em Cravinhos (SP), a 292 km de São
Paulo, fez os primeiros estudos em Bauru. Uma vez na capital, cursou direito na USP
(Universidade de São Paulo).
Em 1944, candidatou-se à
presidência do centro acadêmico da faculdade e, ainda como aluno, foi processado por
fazer oposição ao Estado Novo. No ano seguinte, além de
conseguir se formar, acabou
beneficiado pela anistia aos
presos políticos.
Luiz Francisco ligou-se à
política, como o pai, com a diferença de ter conhecido os
três Poderes. Entre 1952 e
1954, foi chefe-de-gabinete
dos prefeitos de São Paulo Armando de Arruda Pereira e
Jânio Quadros.
Em 1954, elegeu-se deputado federal pelo PTN (Partido
Trabalhista Nacional) -reelegeu-se em 1958 e em 1962.
Depois do golpe militar de
1964, que extinguiu os partidos políticos existentes e impôs o bipartidarismo, filiou-se ao MDB (Movimento Democrático Brasileiro), única
agremiação de oposição permitida pelo regime.
Após deixar a Câmara, em
1967, voltou a trabalhar como
chefe-de-gabinete em São
Paulo, com o prefeito Faria
Lima -cargo que deixou para
ser secretário da Justiça do
Estado, de 1968 a 1969, durante o governo Abreu Sodré.
Aposentou-se em 1985, depois de 13 anos exercendo a
função de desembargador.
Como lembra o ex-ministro
da Justiça José Carlos Dias,
Luiz Francisco trabalhava
com muita seriedade, era inflexível e bastante espirituoso. "Ele brincava que era a
única pessoa que aumentava
a própria idade. Falava que tinha dez anos a mais para
acharem que estava novo."
Luiz Francisco morreu ontem, aos 87 anos, em São Paulo, após complicações vasculares. Deixa mulher, Célia de
Silos Carvalho, cinco filhos,
dez netos e cinco bisnetos.
O velório será realizado hoje, no hospital Sírio Libanês, a
partir das 7h, e o féretro sairá
às 13h para o cemitério São
Paulo, em Pinheiros.
obituario@folhasp.com.br
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