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"Estou apenas transmitindo um pedido, não é ingerência", diz Barros Munhoz
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o deputado Barros Munhoz (PSDB), não há ingerência política na Polícia Civil.
FOLHA - Existe ou não ingerência
política na Polícia Civil?
BARROS MUNHOZ - Posso atestar
que não existe absolutamente
nenhuma. O governador José
Serra não indicou qualquer delegado seccional, diretor, nem o
delegado-geral. É um estilo que
atribui ao secretário ampla liberdade para suas escolhas.
FOLHA - Temos uma cópia de um
ofício com sua assinatura, que pede
a transferência do delegado Ricardo
Fernandes. Por que o sr. fez o pedido
e qual a sua relação com o policial?
MUNHOZ - Nenhuma. Não me
lembro quem solicitou. Isso é
rotineiro. Isso não quer dizer
ingerência, de espécie alguma.
Nem sei se foi atendida. Eu tenho dezenas de assessores que
fazem solicitação desse tipo. E
faço dentro do possível. Passa
pelo crivo da secretaria. Não é:
"Quero que faça isso, quero que
faça aquilo". Estou simplesmente transmitindo um pedido
que me é feito para deliberação
do órgão competente. Não é nenhum tipo de ingerência, nenhum, nenhum, nenhum... Isso
é mais que rotineiro. A gente
faz para todos os tipos de atividades no Estado.
FOLHA - O sr. tem prestígio no governo e um pedido tem certo poder.
MUNHOZ - Absolutamente.
Tanto que nem sei se ele foi
atendido ou não. Pode ser até
que não tenha sido atendido,
porque eu tenho inúmeras solicitações desse tipo que encaminhei e não foram atendidas.
FOLHA - Por que o sr. encaminha?
MUNHOZ - Porque ou é alguém
do meu relacionamento, ou alguém de relacionamento de algum conhecido. Há liberdade
total da pessoa que decide.
FOLHA - O sr. faz isso para agradar,
então, a quem faz o pedido?
MUNHOZ - É até para cumprir
uma missão, né? Ele não tem
acesso para fazer isso, eu faço.
Isso é uma rotina que se faz
desde que haja esse tipo de
comportamento que há. Nunca
ingeri. É uma mera solicitação.
Que é atendida ou não de acordo com os critérios de cada secretaria. Aliás, se houvesse esse
tráfico de influência, com toda
sinceridade, não seria bobo em
fazer por escrito. Não sou agente secreto da polícia portuguesa
que usa o selo na testa.
FOLHA - O sr. diz que dezenas de
assessores fazem esse tipo pedido.
Eles assinam também?
MUNHOZ - Logicamente, eu não
dou conta de todo o meu expediente. Se você for ver, eu despacho às vezes 200, 300 ofícios,
entre respostas, pedidos, procedimentos, providências.
FOLHA - Esse documento pode ter
sido assinado por assessores?
MUNHOZ - Até porque eu não
me lembro do nome dessa pessoa, sinceramente.
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