São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 2008

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"Estou apenas transmitindo um pedido, não é ingerência", diz Barros Munhoz

DA REPORTAGEM LOCAL

Para o deputado Barros Munhoz (PSDB), não há ingerência política na Polícia Civil.

 

FOLHA - Existe ou não ingerência política na Polícia Civil?
BARROS MUNHOZ
- Posso atestar que não existe absolutamente nenhuma. O governador José Serra não indicou qualquer delegado seccional, diretor, nem o delegado-geral. É um estilo que atribui ao secretário ampla liberdade para suas escolhas.

FOLHA - Temos uma cópia de um ofício com sua assinatura, que pede a transferência do delegado Ricardo Fernandes. Por que o sr. fez o pedido e qual a sua relação com o policial?
MUNHOZ
- Nenhuma. Não me lembro quem solicitou. Isso é rotineiro. Isso não quer dizer ingerência, de espécie alguma. Nem sei se foi atendida. Eu tenho dezenas de assessores que fazem solicitação desse tipo. E faço dentro do possível. Passa pelo crivo da secretaria. Não é: "Quero que faça isso, quero que faça aquilo". Estou simplesmente transmitindo um pedido que me é feito para deliberação do órgão competente. Não é nenhum tipo de ingerência, nenhum, nenhum, nenhum... Isso é mais que rotineiro. A gente faz para todos os tipos de atividades no Estado.

FOLHA - O sr. tem prestígio no governo e um pedido tem certo poder.
MUNHOZ
- Absolutamente. Tanto que nem sei se ele foi atendido ou não. Pode ser até que não tenha sido atendido, porque eu tenho inúmeras solicitações desse tipo que encaminhei e não foram atendidas.

FOLHA - Por que o sr. encaminha?
MUNHOZ
- Porque ou é alguém do meu relacionamento, ou alguém de relacionamento de algum conhecido. Há liberdade total da pessoa que decide.

FOLHA - O sr. faz isso para agradar, então, a quem faz o pedido?
MUNHOZ
- É até para cumprir uma missão, né? Ele não tem acesso para fazer isso, eu faço. Isso é uma rotina que se faz desde que haja esse tipo de comportamento que há. Nunca ingeri. É uma mera solicitação. Que é atendida ou não de acordo com os critérios de cada secretaria. Aliás, se houvesse esse tráfico de influência, com toda sinceridade, não seria bobo em fazer por escrito. Não sou agente secreto da polícia portuguesa que usa o selo na testa.

FOLHA - O sr. diz que dezenas de assessores fazem esse tipo pedido. Eles assinam também?
MUNHOZ
- Logicamente, eu não dou conta de todo o meu expediente. Se você for ver, eu despacho às vezes 200, 300 ofícios, entre respostas, pedidos, procedimentos, providências.

FOLHA - Esse documento pode ter sido assinado por assessores?
MUNHOZ
- Até porque eu não me lembro do nome dessa pessoa, sinceramente.


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