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Empresa atua no Rodoanel mesmo após ter sido barrada
Carioca Engenharia havia sido excluída da licitação da obra pelo Estado por não ter conseguido comprovar capacidade técnica
Empreiteira só entrou oficialmente na obra em outubro de 2007, após se associar ao consórcio vencedor (OAS e Mendes Jr.)
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
ALENCAR IZIDORO
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das empreiteiras responsáveis pela construção do
viaduto do trecho sul do Rodoanel que ruiu na última sexta-feira, a Carioca Engenharia
havia sido excluída da licitação
da obra pela Dersa (estatal do
governo de SP) por não ter conseguido comprovar capacidade
técnica para os serviços.
A empresa só entrou oficialmente na obra em outubro de
2007, um ano e meio depois do
fim da licitação, quando se associou ao consórcio vencedor
do lote 5 (formado por OAS e
Mendes Jr.), com autorização
da gestão José Serra (PSDB).
A Dersa havia desclassificado
a Carioca, que formara consórcio com a Construbase, já na
pré-qualificação da concorrência. Nessa fase, as empreiteiras
interessadas deveriam apresentar certificados de que tinham realizado obras com grau
de complexidade semelhante.
A empreiteira tentou entrar
com recurso na própria Dersa,
que não aceitou os argumentos
e manteve seu impedimento.
Em razão da negativa, a Carioca
foi à Justiça e obteve a possibilidade de concorrer aos lotes 1 e
5 - foi justamente neste último
que ocorreu a queda das vigas
sobre a Régis Bittencourt.
Mesmo após obter a autorização judicial para participar
da licitação, as propostas apresentadas pelo consórcio Carioca-Construbase foram as mais
caras. Ele ficou em último lugar
nos três lotes em que disputou.
A Carioca também participava do consórcio do trecho do
Fura-Fila responsável pela
construção de um viaduto que
desabou em abril de 2008.
O IPT (Instituto de Pesquisa
Tecnológicas), na ocasião,
apontou ter havido erro de engenharia. O consórcio, integrado também pela empreiteira
Andrade Gutierrez, havia colocado mais concreto em um dos
lados da estrutura, causando
desequilíbrio na obra.
A empreiteira foi fundada em
1947, no Rio de Janeiro, e é comandada até hoje pela família
Backheuser. Em 1988, ela adquiriu a Christiani Nielsen Engenheiros e Construtores.
Erro de engenharia
O Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) avalia que as empreiteiras
do lote 5 do Rodoanel (OAS,
Mendes Jr. e Carioca) adotaram um procedimento tecnicamente incorreto na instalação
das vigas que desabaram.
O motivo é elas terem colocado só quatro das cinco vigas de
concreto do viaduto -a última,
quebrada quando era transportada, seria inserida depois.
O conselho avalia que, sem a
quinta viga e sem a amarração
entre elas, pode ocorrer uma
sobrecarga e uma condição de
desequilíbrio da estrutura.
Questionada sobre a participação da Carioca, que não venceu a licitação, na obra, a Dersa
informou que ela foi inserida
por iniciativa do consórcio vencedor, com aprovação da estatal, "respeitando as exigências
editalícias e legais".
Essa alteração contratual, segundo a Dersa, foi aprovada pelos Tribunais de Contas da
União e do Estado. A estatal informou também que a Carioca
"estava e está habilitada do
ponto de vista técnico e legal".
O Ministério Público Estadual instaurou inquérito na última terça para "apuração de
possíveis prejuízos causados ao
erário, bem como de ato de improbidade administrativa, em
razão do acidente com a queda
de vigas" do Rodoanel.
Segundo a Promotoria, "serão requisitadas perícias visando apurar possíveis falhas nas
obras, quer sejam decorrentes
do emprego de metodologia ou
de material divergentes daqueles exigidos contratualmente".
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