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Provão escolar de SP tem série de falhas
Aplicação do Saresp, que avaliou 2,5 milhões de alunos, teve problemas como gabaritos trocados e provas faltando
Um vídeo gravado por celular a que a Folha teve acesso mostra professora ajudando estudantes na prova
Daniel Marenco/Folhapress
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Estudantes chegam à Escola Estadual Padre Anchieta, no Brás, no centro de SP; Saresp foi aplicado ontem e anteontem
DE SÃO PAULO
O Saresp, prova do governo do Estado de São Paulo
que avaliou cerca de 2,5 milhões de estudantes ontem e
anteontem, apresentou uma
série de falhas.
Há relatos de gabaritos trocados, provas faltando, uso
de celular durante a aplicação do teste e até de professores ajudando os estudantes.
Além de mapear dificuldades dos alunos, o exame ajuda a determinar o bônus recebido pelos professores.
A Secretaria de Educação
reconhece parte das falhas,
como o recebimento pelos estudantes de gabaritos que
não correspondiam às provas, mas diz que ninguém foi
prejudicado, pois os aplicadores foram orientados a resolver o problema.
A prova é aplicada para estudantes do 3º, 5º, 7º e 9º
anos do ensino fundamental
e do 3º ano do ensino médio.
Além dos alunos da rede
estadual (1,7 milhão), fazem
a prova estudantes de escolas municipais e particulares
que quiserem participar.
Na escola Dr. João Ernesto
Faggin, em Cidade Ademar
(zona sul), estudantes e um
professor contam que docentes aplicaram provas para
suas próprias turmas.
Isso é proibido porque as
notas nos alunos de Saresp
são de interesse direto de
professores, já que influenciam, por exemplo, os bônus
que recebem no final do ano.
A norma objetiva evitar
que haja ajuda aos alunos.
Essa conduta aparece em vídeo a que a Folha teve acesso, gravado por celular durante a prova na escola. Nele,
uma professora se senta ao
lado de um dos alunos e o
ajuda, durante quatro minutos, a responder às questões.
CELULAR NA PROVA
Assim como houve na aplicação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que
também teve uma série de
problemas, há relatos de uso
do celular durante a prova.
Uma aluna do Ascendino
Reis (zona leste) diz que chegou a atender uma ligação.
Ela diz também que estudantes tiveram que ir para outra
sala para fazer a prova, onde
estavam os gabaritos certos.
Problemas nas folhas de
resposta são os relatos mais
comuns. Em ao menos 18 das
5.054 escolas estaduais que
aplicaram a prova, alunos receberam gabaritos com numeração diferente da que havia no caderno de perguntas.
Foram aplicados 26 tipos
diferentes de prova. Estudantes temem que o erro faça
com que respostas corretas
sejam consideradas erradas.
Na escola Thomazia Montoro (zona oeste), um aplicador relata que, em algumas
das salas, não havia provas e
gabaritos para todos.
Ele diz que a falta pôde ser
suprida por cadernos extras.
Porém, ao menos um aluno
demorou para conseguir começar a prova, pois o material foi trazido de outra sala.
Afirma ainda que os aplicadores não conseguiam colar os lacres dos envelopes
que guardavam gabaritos
preenchidos pelos alunos.
Com isso, se quisessem, o diretor ou professores da escola poderiam ter acesso a eles.
(TALITA BEDINELLI, ALENCAR IZIDORO e VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)
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