São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2010

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Provão escolar de SP tem série de falhas

Aplicação do Saresp, que avaliou 2,5 milhões de alunos, teve problemas como gabaritos trocados e provas faltando

Um vídeo gravado por celular a que a Folha teve acesso mostra professora ajudando estudantes na prova

Daniel Marenco/Folhapress
Estudantes chegam à Escola Estadual Padre Anchieta, no Brás, no centro de SP; Saresp foi aplicado ontem e anteontem

DE SÃO PAULO

O Saresp, prova do governo do Estado de São Paulo que avaliou cerca de 2,5 milhões de estudantes ontem e anteontem, apresentou uma série de falhas.
Há relatos de gabaritos trocados, provas faltando, uso de celular durante a aplicação do teste e até de professores ajudando os estudantes.
Além de mapear dificuldades dos alunos, o exame ajuda a determinar o bônus recebido pelos professores.
A Secretaria de Educação reconhece parte das falhas, como o recebimento pelos estudantes de gabaritos que não correspondiam às provas, mas diz que ninguém foi prejudicado, pois os aplicadores foram orientados a resolver o problema.
A prova é aplicada para estudantes do 3º, 5º, 7º e 9º anos do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio.
Além dos alunos da rede estadual (1,7 milhão), fazem a prova estudantes de escolas municipais e particulares que quiserem participar.
Na escola Dr. João Ernesto Faggin, em Cidade Ademar (zona sul), estudantes e um professor contam que docentes aplicaram provas para suas próprias turmas.
Isso é proibido porque as notas nos alunos de Saresp são de interesse direto de professores, já que influenciam, por exemplo, os bônus que recebem no final do ano.
A norma objetiva evitar que haja ajuda aos alunos. Essa conduta aparece em vídeo a que a Folha teve acesso, gravado por celular durante a prova na escola. Nele, uma professora se senta ao lado de um dos alunos e o ajuda, durante quatro minutos, a responder às questões.

CELULAR NA PROVA
Assim como houve na aplicação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que também teve uma série de problemas, há relatos de uso do celular durante a prova.
Uma aluna do Ascendino Reis (zona leste) diz que chegou a atender uma ligação. Ela diz também que estudantes tiveram que ir para outra sala para fazer a prova, onde estavam os gabaritos certos.
Problemas nas folhas de resposta são os relatos mais comuns. Em ao menos 18 das 5.054 escolas estaduais que aplicaram a prova, alunos receberam gabaritos com numeração diferente da que havia no caderno de perguntas.
Foram aplicados 26 tipos diferentes de prova. Estudantes temem que o erro faça com que respostas corretas sejam consideradas erradas.
Na escola Thomazia Montoro (zona oeste), um aplicador relata que, em algumas das salas, não havia provas e gabaritos para todos.
Ele diz que a falta pôde ser suprida por cadernos extras. Porém, ao menos um aluno demorou para conseguir começar a prova, pois o material foi trazido de outra sala.
Afirma ainda que os aplicadores não conseguiam colar os lacres dos envelopes que guardavam gabaritos preenchidos pelos alunos. Com isso, se quisessem, o diretor ou professores da escola poderiam ter acesso a eles.
(TALITA BEDINELLI, ALENCAR IZIDORO e VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)


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