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Câmara aprova 50 projetos e cria o "big brother restaurante"
Outros dez vetos foram mantidos; com isso, os vereadores de SP analisaram ontem um projeto a cada pouco mais de 4 minutos
Um dos projetos aprovados exige que restaurantes transmitam imagens on-line da cozinha para telas
no salão de refeições
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Câmara de São Paulo aprovou ontem um projeto que exige que todos os restaurantes
com capacidade para mais de
30 pessoas instalem circuito
interno de TV com transmissão
on-line da cozinha para monitores no salão de refeições.
O "big brother restaurante",
idéia do vereador-cantor Agnaldo Timóteo (PR), faz parte
do pacote de 50 projetos que os
vereadores de São Paulo aprovaram ontem. Somados aos dez
vetos mantidos, os parlamentares paulistanos aprovaram 60
matérias em sessões com quatro horas e meia duração no total, o que dá um projeto a cada
pouco mais de quatro minutos.
"É uma neurose", diz Ana Tabanez, dona do Otto Bistrô, sobre o projeto de Timóteo. Para
ela, é melhor confiar no trabalho da Vigilância Sanitária, que
já faz uma série de exigências.
"Esteticamente, não é legal
uma câmera no restaurante. E a
gente acha meio "deprê" as pessoas trabalharem com uma câmera filmando o tempo todo."
Edson Pinto, coordenador de
comunicação do Sindicato dos
Hotéis, Bares, Restaurantes e
Similares, também é contra. "A
gente espera que o prefeito
[Gilberto] Kassab, com sua lucidez, vete esse projeto."
Pacotão
O novo "pacotão" de projetos
foi aprovado menos de duas semanas após a Câmara Municipal votar 96 matérias em pouco
mais seis horas.
Naquela ocasião, os vereadores criaram uma aberração legislativa: no mesmo dia, aprovaram um projeto que acabava
com o rodízio de veículos e outro que o ampliava. Desta vez, o
"pacotão" traz outra polêmica.
Um exemplo: fica proibido o
uso de fogos de artifício na cidade, como os usados por torcidas nos estádios quando os times entram em campo. O projeto é do vereador e ex-jogador
de futebol Ademir da Guia
(PR). Ficam "liberados" fogos
ornamentais e shows pirotécnicos em eventos do calendário
oficial da cidade.
Outro exemplo: shoppings e
supermercados ficam proibidos de cobrar estacionamento
dos clientes que gastarem pelo
menos dez vezes mais que o valor do estacionamento. Se estacionamento custar R$ 3 e o
cliente gastar R$ 30 no cinema,
por exemplo, parar o carro sai
de graça. O autor é Edivaldo Estima (PPS). Ele afirma, em seu
site, que, com a apresentação
dos cupons de compras, todo
mundo sai ganhando, "tanto o
consumidor como o lojista"
-em seu site, a palavra lojista
está grafada com a letra g.
Outra: os capacetes dos motociclistas precisarão ter grafados, em material reluzente e tamanho mínimo de 10x15 cm, a
placa da moto.
O pacotão de ontem foi aprovado por acordo entre os líderes de quase todos os partidos.
O PSDB, que boicotou a eleição
da Mesa Diretora da Casa por
não concordar com o cargo que
lhe foi reservado, foi boicotado
ontem. Nenhum projeto de vereador tucano foi discutido. Segundo Carlos Alberto Bezerra
Júnior, líder do PSDB, esses
projetos não foram votados a
pedido dele, mas serão votados
hoje. O projeto que extingue o
rodízio também não entrou na
pauta -o que amplia a restrição foi retirado pelo autor.
Dos projetos aprovados ontem, em segunda votação, ao
menos 25 devem ser vetados
pelo prefeito Gilberto Kassab
(DEM), segundo a Folha apurou. Os 24 que dão nomes a locais e vias e prestam homenagens serão sancionados, se não
houver nenhum impedimento
jurídico. O único que deve ser
sancionado é o do vereador
Milton Leite (DEM) que proíbe
o uso e a venda de madeiras nativas e ameaçadas de extinção.
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