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"Laptop de US$ 100" pode chegar a custar US$ 475
Na concorrência, que deve acabar hoje, mínimo era de R$ 855; serão 150 mil aparelhos
Ao menos 8 empresas disputam o pregão, suspenso porque o preço, segundo o leiloeiro, estava MUITO acima do estipulado
ANGELA PINHO
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O pregão para a compra de
150 mil laptops para escolas públicas do país começou no início da tarde de ontem e tem
previsão de terminar hoje. O
preço mínimo oferecido pelo
que foi conhecido como "laptop
de US$ 100" era, até as 18h de
ontem, R$ 855 por unidade
(cerca de US$ 475). Alunos e
professores de até 300 escolas
deverão receber um computador a partir do ano que vem.
A concorrência foi suspensa
-para reabrir hoje- com a
consideração, por escrito, do
pregoeiro de que "os preços cotados permanecem MUITO
[em maiúsculas] altos em relação ao preço de referência da
administração", que não foi divulgado. Ao menos oito empresas participam do pregão.
Finalizada a compra, os 150
mil laptops serão enviados a
228 cidades e utilizados por todos os alunos e professores dos
ensinos fundamental e médio
de ao menos uma escola.
Em cinco municípios, todas
as escolas receberão os laptops:
Barra dos Coqueiros (SE), São
João da Ponta (PA), Tiradentes
(MG), Santa Cecília do Pavão
(PR) e Terenos (MS). A sergipana é a mais populosa do grupo:
19.218 habitantes.
Os critérios para a escolha, de
acordo com José Guilherme
Moreira Ribeiro, diretor do Departamento de Infra-estrutura
Tecnológica do Ministério da
Educação, foram: ter um número pequeno de habitantes,
para poder atender todos os
alunos e professores, e já ter
uma estrutura de conexão de
banda larga e sem fio ou compromisso de implantá-las por
parte do Estado ou município.
Segundo o assessor da Presidência José Luiz Maio de Aquino, se o acordo para conexão
for descumprido, os laptops poderão ser remanejados.
Zona rural e capitais
Entre todas as cidades que
receberão laptops, há ao menos
uma na zona rural de cada Estado, além de todas as capitais.
Estão contempladas ainda
Abaetetuba (PA), palco do abuso sexual de adolescente L.,
presa em uma cela com outros
homens; e Garanhuns, cidade
natal do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, com rede sem fio
em todo o município, escolhida, de acordo com o MEC, pelo
governo de Pernambuco.
A idéia é que crianças e professores possam levar os laptops para casa. Mas, segundo o
MEC, a direção ou o Estado podem decidir mantê-los na escola por segurança, por exemplo.
Todos terão câmera de vídeo e
integração a redes sem fio.
Cinco cidades já têm escolas
que participam do UCA (projeto Um Computador Por Aluno): São Paulo, Porto Alegre,
Brasília, Palmas e Piraí (RJ).
Léa Fagundes, coordenadora
pedagógica do projeto na cidade gaúcha, conta que foi possível registrar significativa melhora na escrita e na leitura dos
alunos. "O aluno passa a escrever para se comunicar, não para
fazer um exercício que será
guardado no caderno."
Valdemar Setzer, professor
do departamento de ciência da
computação da USP, considera
o projeto "um absurdo". "O ensino público é uma verdadeira
calamidade. Para constatar isso, basta pedir a tabuada para
um aluno de qualquer série.
Não adianta introduzir computador nessa situação."
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