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Novo acidente aéreo é questão de tempo, afirma brigadeiro
Cleonilson Nicácio Silva assume hoje interinamente a presidência da Infraero
Para ele, tragédias sempre ocorrerão porque "todos são humanos e erram" e, por isso, funcionários citados em inquérito terão apoio jurídico
ANDREA MICHAEL
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O diretor de operações da Infraero, brigadeiro Cleonilson
Nicácio Silva, assume hoje interinamente a presidência da
empresa no lugar de Sérgio
Gaudenzi, que se demitiu por
discordar da decisão do governo de privatizar os aeroportos.
Nicácio evita a polêmica, mas
não se furta de outra. Ele diz
que sua gestão dará "todo suporte jurídico" aos quatro funcionários da Infraero apontados pela polícia de SP entre os
responsáveis pelo acidente da
TAM. E que "é questão de tempo" para que tragédias voltem a
ocorrer, porque errar é humano. Leia trechos da entrevista.
FOLHA - O sr. assume a Infraero enquanto o governo discute a concessão dos aeroportos para a iniciativa
privada. Qual a sua posição?
CLEONILSON NICÁCIO DA SILVA - A
Infraero é a terceira maior do
mundo em embarque e desembarque de passageiros. Devemos chegar neste ano a 120 milhões. Crescemos à média de
10% ao ano. É uma empresa sadia. Agora, mudança de modelo
não é da nossa alçada, é assunto
de governo, que é o acionista
único e principal da empresa.
FOLHA - O sr. no comando seria um
obstáculo à privatização?
NICÁCIO - Não. Vou ficar na empresa por um período de transição, meu tempo é limitado [pelas regras da Aeronáutica, em
julho de 2009 ele tem que retornar para a ativa] e continuarei fazendo o que sempre fiz.
FOLHA - Como o sr. avalia o caso do
acidente da TAM, em que servidores
da Infraero foram responsabilizados
pela polícia de São Paulo?
NICÁCIO - Sou aviador, pilotei
Boeing 737, voei com o papa,
com o presidente e sei a responsabilidade, tanto da pessoa
mais simples, que é o caso dos
dois garotos em Congonhas
[que liberaram a pista no dia do
acidente, após medição] quanto do piloto. Ninguém brinca
com a vida, até porque, quando
se está no avião, o primeiro a
morrer é o piloto. O pára-choque do avião é a cabeça do piloto. Sempre ocorreram e sempre
ocorrerão acidentes aeronáuticos. E não acabou. Quem acha
que nunca vai haver um acidente igual ao da TAM, da Gol, da
Vasp, isso é questão de tempo.
FOLHA - Mas a investigação policial
apontou culpados...
NICÁCIO - A polícia faz o que ela
quer. A da Aeronáutica não tem
o caráter de buscar o culpado.
FOLHA - O que será feito com relação aos funcionários da Infraero
apontados no inquérito da polícia?
NICÁCIO - Daremos suporte jurídico porque temos certeza de
que não estão errados. Todos
são humanos, todos erram.
FOLHA - Como vai ser a operação
Feliz 2009?
NICÁCIO - Vamos reforçar todos
os aeroportos geradores e receptores de tráfego. Nos principais, o desembarque será mais
rápido. Haverá pessoas para liberar o fluxo de bagagens.
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