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Menina de 14 anos, uma das 9 vítimas, foi à igreja pela 1ª vez
Gabriela estava com a mãe, o irmão e a empregada, que também morreu
Até ontem à noite, 20 dos 124 feridos continuavam hospitalizados; garota de
9 anos e rapaz de 27 ainda
correm risco de morte
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A mais jovem entre as nove
mulheres mortas no desabamento da Igreja Renascer em
Cristo, a estudante Gabriela
Lacerda do Nascimento Uchoa
Brito, 14, não era devota, não
frequentava os cultos e estava
no templo do Cambuci pela primeira vez, num passeio em
companhia da mãe, do meio-irmão de 11 anos e de Dalva de
Oliveira, 70, a empregada de toda a vida que a criou e que também morreu nos destroços.
Pouco antes das 18h55, o momento em que o teto ruiu, a
mãe -Elaine- havia saído para
ir ao banheiro. Três horas depois, por volta das 22h, ligou
para a família porque não conseguia achar a filha.
Foi a tia Elizionete Lacerda
do Nascimento que recebeu a
notícia de que a menina Gabriela estava no IML, que a
convocava para fazer o reconhecimento do corpo.
A neta mais querida da avó
Glória, com quem morou desde
criança, quando os pais se separaram, Gabriela havia dito a vizinhos durante um banho de
piscina na semana passada: "Se
tiver de perder a minha avó,
prefiro morrer antes".
Aluna da escola Garcia D'Ávila, perto de onde morava na Casa Verde (zona norte), Gabriela
foi aprovada na sétima série e
começaria a oitava nas próximas semanas, mas nunca disse
o que queria ser na vida.
A festa de formatura do ensino fundamental e o baile de debutantes eram os sonhos que
Gabriela queria ver realizados
em 18 de novembro, quando
completaria 15 anos.
Avó e tia são da igreja Batista;
Gabriela e a mãe, dizem os parentes, não eram da Renascer.
A informação é negada pelo
bispo Geraldo Tenuta Filho,
que afirmou que mãe e filha
eram assíduas no templo.
Contra a vontade da família,
Silvia Gomes Moreira, 50, saíra
de casa pouco antes das 17h naquele domingo, atravessara a
rua onde morava, no Cambuci,
e chegara à sede da igreja Renascer ainda a tempo de acompanhar o culto da tarde. Quando o teto do templo desabou,
ela ainda estava lá -e morreu.
Pedagoga formada pela Universidade Campos Salles e professora de escola pública havia
mais de 30 anos, fazia só três
meses que se aposentara. Fez
até uma viagem com as colegas
da escola até Florianópolis (SC)
-um sonho antigo-, mas continuava triste. Sem lecionar,
entrou em depressão.
Foi o médico quem disse que
deveria deixar a igreja (Silvia
era evangélica havia mais de
uma década e trocara a igreja
Batista pela Renascer). "O médico falou que esse culto não fazia bem pra ela, porque a pessoa não se permite errar", diz a
irmã, Eglair Moreira, 49, que
chegou a cortar o sinal da TV
em casa para que a irmã não assistisse ao culto.
Até a noite de ontem, 20 dos
124 feridos no desabamento
permaneciam internados em
dez hospitais. Os casos mais
graves são o da menina Stefanie
Batanovi de Sá, 9, e o de Fábio
Jodas de Oliveira, 27 -ambos
tiveram traumatismo craniano
e passaram por cirurgia, mas
ainda correm risco de morte.
Ontem, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva lamentou o
acidente. Ele disse esperar que
o episódio sirva para que sejam
tomadas medidas preventivas,
evitando novas tragédias.
Colaboraram RICARDO SANGIOVANNI, da Reportagem Local, e a Sucursal de Brasília
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