São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2009

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"Crisionista" encara crise sem perder glamour

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

A crise econômica global já começa a ecoar no mundo fashion brasileiro. Pelo menos no que diz respeito ao guarda-roupa dos fashionistas, conhecidos por sua mania de consumir moda (geralmente, produtos caros e importados). Em tempos de recessão, o jeito é virar "crisionista" e buscar formas de cortar gastos sem perder o glamour.
"Parei de comprar calça Diesel", decreta o cabeleireiro Marco Antônio Di Biaggi, se referindo à grife italiana preferida pelos famosos e conhecida pelo seu bom caimento e seu preço alto. "Agora, estou usando jeans brasileiro da marca John John." Ele também passou a consumir, sem traumas, maquiagem brasileira. "Veja, estou usando agora uma base da Avon que é muito boa." Mas de uma coisa Marco Antônio não abre mão. "Nunca vou deixar de comprar camisa Versace e Cavalli, pois estampa brasileira, em geral, faz você parecer um bicheiro carioca", diz.
"Já estou adaptada aos tempos de crise", diz a apresentadora de televisão Glória Maria, "crisionista" convicta. "Está vendo esse vestido que estou usando? Eu mandei fazer. Passei uma temporada na Índia, trouxe vários tecidos e pedi para uma amiga costureira confeccionar." Glória só não pensa em deixar de lado seus produtos de maquiagem e as vitaminas importadas. E também o vício por sapatos. "Olha, eu gosto de sapato de grife mesmo, tipo Miu Miu. Um sapato brasileiro para me conquistar vai ter que ser muito bom", afirma.
O stylist Felipe Veloso sofre do mesmo vício por "pisantes", só que, no caso, os tênis. Ele tem uma coleção com cerca de 90 pares. "Acho que posso comprar menos. Muitas vezes compro por impulso, como esse que estou usando, que está meio apertado, mas era o único na loja e comprei mesmo assim."
Os tempos de crise, de acordo com a consultora de moda Mariana Rocha, podem ser úteis para que as pessoas sejam criativas. "Você pode pegar vestidos antigos, que não usava tanto", aconselha. Sua opinião é a mesma de Isabela Capeto. "Em épocas difíceis, sabe quais são as únicas coisas de que você precisa? Agulha e linha", diz a estilista, propondo uma espécie de "faça você mesmo".
O stylist Paulo Martinez é ainda mais espartano. "Ninguém precisa trocar de guarda roupa de seis em seis meses", decreta. A solução para enfrentar a crise sem perder a elegância é consumir menos. "Se você comprar peças de qualidade que não sejam a tendência da temporada, não vai precisar comprar roupa toda hora", diz o stylist, que adora uma camisa Comme des Garçons, "mas tenho uma que uso há oito anos". Até os produtos eletrônicos, segundo ele, podem ser consumidos com mais parcimônia. "Por que trocar de celular toda hora? Isso, além de inútil, é cafona."


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