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"Crisionista" encara crise sem perder glamour
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
A crise econômica global já
começa a ecoar no mundo fashion brasileiro. Pelo menos no
que diz respeito ao guarda-roupa dos fashionistas, conhecidos
por sua mania de consumir moda (geralmente, produtos caros
e importados). Em tempos de
recessão, o jeito é virar "crisionista" e buscar formas de cortar
gastos sem perder o glamour.
"Parei de comprar calça Diesel", decreta o cabeleireiro
Marco Antônio Di Biaggi, se referindo à grife italiana preferida pelos famosos e conhecida
pelo seu bom caimento e seu
preço alto. "Agora, estou usando jeans brasileiro da marca
John John." Ele também passou a consumir, sem traumas,
maquiagem brasileira. "Veja,
estou usando agora uma base
da Avon que é muito boa." Mas
de uma coisa Marco Antônio
não abre mão. "Nunca vou deixar de comprar camisa Versace
e Cavalli, pois estampa brasileira, em geral, faz você parecer
um bicheiro carioca", diz.
"Já estou adaptada aos tempos de crise", diz a apresentadora de televisão Glória Maria,
"crisionista" convicta. "Está
vendo esse vestido que estou
usando? Eu mandei fazer. Passei uma temporada na Índia,
trouxe vários tecidos e pedi para uma amiga costureira confeccionar." Glória só não pensa
em deixar de lado seus produtos de maquiagem e as vitaminas importadas. E também o vício por sapatos. "Olha, eu gosto
de sapato de grife mesmo, tipo
Miu Miu. Um sapato brasileiro
para me conquistar vai ter que
ser muito bom", afirma.
O stylist Felipe Veloso sofre
do mesmo vício por "pisantes",
só que, no caso, os tênis. Ele
tem uma coleção com cerca de
90 pares. "Acho que posso comprar menos. Muitas vezes compro por impulso, como esse que
estou usando, que está meio
apertado, mas era o único na loja e comprei mesmo assim."
Os tempos de crise, de acordo
com a consultora de moda Mariana Rocha, podem ser úteis
para que as pessoas sejam criativas. "Você pode pegar vestidos antigos, que não usava tanto", aconselha. Sua opinião é a
mesma de Isabela Capeto. "Em
épocas difíceis, sabe quais são
as únicas coisas de que você
precisa? Agulha e linha", diz a
estilista, propondo uma espécie de "faça você mesmo".
O stylist Paulo Martinez é
ainda mais espartano. "Ninguém precisa trocar de guarda
roupa de seis em seis meses",
decreta. A solução para enfrentar a crise sem perder a elegância é consumir menos. "Se você
comprar peças de qualidade
que não sejam a tendência da
temporada, não vai precisar
comprar roupa toda hora", diz
o stylist, que adora uma camisa
Comme des Garçons, "mas tenho uma que uso há oito anos".
Até os produtos eletrônicos, segundo ele, podem ser consumidos com mais parcimônia. "Por
que trocar de celular toda hora?
Isso, além de inútil, é cafona."
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