São Paulo, quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Próximo Texto | Índice

USP volta a restringir ciclista e corredor na Cidade Universitária

Universidade alega que objetivo é melhorar a segurança no local; dias e horários para andar de bicicleta também serão alterados

Carteirinha de esportistas começará a ser feita depois do Carnaval; mudança também irá valer para o campus da zona leste

Rodrigo Capote/Folha Imagem
Tainá Lopes, que pedala há cinco anos
na Cidade Universitária


FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A USP decidiu tomar novas medidas para restringir o uso da Cidade Universitária para esportistas (ciclistas e corredores) que não integram a instituição. Depois do Carnaval, todos terão de fazer uma carteirinha e um cadastramento para utilizar a área.
Para os ciclistas, haverá ainda delimitação de horários e locais. Desde 2007, já há restrições para esses praticantes, mas tanto a USP quanto os esportistas admitem que as normas não são cumpridas.
Com a possibilidade de identificar o esportista, a universidade pretende pôr em prática as restrições aos ciclistas e punir "qualquer um que não cumpra as regras do jogo", afirma o coordenador do campus, Antonio Marcos Massola.
Membros da USP dizem que são comuns discussões e até brigas entre corredores, ciclistas, pedestres e motoristas.
Muitos esportistas andam em grandes grupos e em alta velocidade, o que atrapalha a circulação no campus.
A fiscalização será feita pela Guarda Universitária. As sanções ainda não estão definidas nem os horários liberados aos ciclistas -deverão ser menos restritivos que a regra atual, que libera somente das 5h às 6h30 de terça e quinta; e das 7h às 14h aos sábados.
Massola diz que o cadastramento também ajudará na segurança do campus. "Quero saber quem entra na universidade." As medidas valem tanto para a Cidade Universitária, na zona oeste da capital, quanto para o campus da zona leste.

Carteirinha grátis
A carteirinha não terá custo aos esportistas. A universidade não possui estimativa de quantas pessoas praticam atividades físicas nos seus campi.
Segundo o coordenador do campus, o novo reitor da USP, João Grandino Rodas, não teve participação nas mudanças. A reportagem não conseguiu contato com Grandino, que assume na segunda-feira.
Diretor técnico da Federação Paulista de Ciclismo, Gilson Alvaristo diz que a Cidade Universitária é o local ideal de São Paulo para a atividade -o parque Ibirapuera, por exemplo, é considerado muito cheio.
"Se colocar restrições, muitos não conseguirão treinar. Ou andarão em lugares perigosos, como ocorreu recentemente."
Ele se refere à proibição do uso do campus em 2005, durante a semana. Mas, após dois ciclistas morreram em uma rodovia, a restrição foi atenuada.
Já o diretor de marketing da Associação dos Treinadores de Corrida de Rua de SP, Mário Mello, diz apoiar as carteirinhas. "Traz organização. Se alguém sofre acidente ou comete infração, será identificado."
Docente da USP e coordenadora do Laboratório de Urbanismo da Metrópole, Regina Meyer é favorável ao cadastro. "É um controle sobre quem frequenta o campus. A USP tem responsabilidade em relação à limpeza, à segurança."
Juridicamente, a universidade pode implementar as restrições, afirma o advogado Silvio Salata, especialista em direito público. Segundo ele, se houver conflito entre os interesses de universitários e esportistas, os primeiros devem prevalecer.
"A USP não é um parque. A finalidade dela é a educação, é receber seus estudantes", disse.


Colaborou ALESSANDRA BALLES, da Redação


Próximo Texto: Querem que eu vá treinar onde?, critica ciclista
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.