São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

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Mutirão irá mapear áreas de risco no país

Projeto anunciado por Dilma, que ficará pronto em 2014, prevê diagnosticar risco de deslizamento e de inundação

Plano terá participação de várias instituições de pesquisa do país, governos e batalhões de engenharia do Exército

MARCELO LEITE
DE SÃO PAULO

Um mutirão para mapear áreas de risco de desastres naturais, com a participação até das Forças Armadas, está no centro da proposta de um Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres Naturais que será debatida hoje em reunião na Casa Civil.
A ideia figura de um documento de 13 páginas ao qual a Folha teve acesso. Ele serviu de base para o anúncio feito pela presidente Dilma Rousseff na segunda-feira.
Esse tipo de mapeamento só existe hoje para algumas áreas. É o caso da região metropolitana de São Paulo e da cidade de Campos do Jordão, estudadas pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). Ou, ainda, da cidade do Rio, objeto de levantamentos da Fundação Geo-Rio.
Os mapas de risco constituem o principal gargalo do futuro sistema de alerta. O plano prevê mapear o risco de deslizamento em 500 áreas e o de inundação em outras 300 áreas. Esse levantamento consumiria os próximos quatro anos, até cobrir a maior parte das áreas de risco do território nacional.
Isso só seria possível, na avaliação do climatologista Carlos Nobre -novo secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e autor da proposta-, com o envolvimento de várias instituições de pesquisa, governos estaduais e municipais.

INTEGRAÇÃO
O esforço abrangeria, eventualmente, até os batalhões de engenharia do Exército. É o que ocorre nos Estados Unidos com o Corps of Engineers, que tem a redução do risco de desastres incluída em sua missão.
O segundo gargalo é a falta de interligação dos dados produzidos por radares meteorológicos, fundamental para saber com precisão o volume real de chuvas numa região. Há 20 desses radares no Brasil, mas com falhas de manutenção e de cobertura geográfica (boa parte do Nordeste fica de fora).
O documento propõe instalar 15 novos radares. Cada equipamento custa cerca de R$ 1,8 milhão. A conta do investimento mais que dobra quando se computam também despesas de instalação, interligação e treinamento. Trata-se do item mais oneroso na implantação do sistema, que poderá custar centenas de milhões de reais.

PREVISÃO
A parte do sistema em que o Brasil está melhor é a previsão do tempo. "O trabalho do Inpe está muito próximo do estado da arte", diz Nobre.
O Inpe desenvolveu e está testando programas de computador para sobrepor as informações dos mapas de risco com os dados da meteorologia em tempo real. Se a precipitação alcançasse algo entre 80 mm e 120 mm em 72 horas num local com risco de deslizamento, por exemplo, o sistema emitiria automaticamente um alerta para equipes especializadas.
Até o final deste ano haverá um sistema piloto em funcionamento para a região metropolitana de São Paulo. Outros testes já estão em curso para o entorno do rio Mundaú (AL), palco de inundação em junho do ano passado. O próximo alvo é a região serrana do Estado do Rio.


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