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VIOLÊNCIA
Total de paulistanos assassinados diminuiu 9,4% de 2001 para 2002, segundo a prefeitura; periferia liderou a baixa
Homicídio cai pela primeira vez desde 97
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
No ano passado, o número de
paulistanos assassinados diminuiu quase 10% em relação a 2001,
de acordo com dados do Pro-Aim
(Programa de Aprimoramento
das Informações de Mortalidade,
da Prefeitura de São Paulo).
É a primeira vez que isso ocorre
desde 1997, quando houve uma
redução de só 1% em relação ao
ano anterior. Nos últimos cinco
anos, as estatísticas municipais
mostraram um aumento progressivo dos assassinatos, seguido de
uma certa estabilização de 1999 a
2001 (veja quadro ao lado).
Em 2001, 5.989 moradores da cidade de São Paulo foram vítimas
de homicídio; em 2002, o total
caiu para 5.421 (9,4% menos).
O Pro-Aim trabalha com as informações dos atestados de óbito.
Por isso, leva em conta exclusivamente as mortes dos moradores
da capital paulista, pelo local onde
vivia a vítima, e não por onde ela
veio a morrer -um morador de
Moema, mesmo que morra na Sé,
é contabilizado para Moema.
A boa notícia segue a linha das
estatísticas da Secretaria de Estado da Segurança Pública, que se
baseiam nos boletins de ocorrência. Isso não significa, porém, que
São Paulo viva uma inversão de
tendência, afirmam especialistas.
"A redução em ambas as medições é um bom sinal, mas ainda
não é suficiente para afirmar que
estamos conseguindo superar um
problema. Há muito mais a fazer", diz Paulo de Mesquita Neto,
secretário-executivo do Instituto
São Paulo Contra a Violência.
Na avaliação dele, é difícil apontar causas isoladas para o menor
número de assassinatos. "O mais
provável é que haja uma convergência de três fatos: atuação da
polícia mais direcionada para as
áreas de risco, maior interferência
da sociedade -seja por meio de
projetos de entidades, seja pelo
aumento de denúncias- e participação mais intensa das prefeituras na questão da segurança."
Numa outra análise, diz Mesquita, a redução nos homicídios
pode estar mostrando os primeiros resultados da intensificação
do debate em torno das causas da
violência urbana e das melhores
formas de combatê-la, que dominou as duas últimas campanhas
eleitorais, em 2000 e em 2002.
Periferia
Os números em São Paulo mostram também que a periferia,
sempre campeã em mortes, é
também a líder no ranking de redução no número de assassinatos.
Moradores de distritos como
Grajaú e Jardim Ângela (zona sul
de SP) continuam sendo as maiores vítimas de homicídios (330 e
231 casos, respectivamente, em
2002), mas estão também entre os
que tiveram maior melhora.
No ano passado, houve 46 casos
a menos - a terceira maior redução- de assassinatos de moradores do Jardim Ângela, alvo preferido de diversos programas sociais do poder público e de ONGs
desde o início da década. A redução no Grajaú ficou na quinta posição, com 39 ocorrências a menos em relação a 2001.
Mas nem tudo são vitórias. Entre os que vivem em alguns distritos já bastante violentos, os assassinatos aumentaram ainda mais,
como é o caso dos moradores de
Capão Redondo (também na zona sul). Mesmo atendida por todos os programas sociais da prefeitura, a região teve, em 2002, 17
moradores mortos a mais que em
2001 -o segundo maior aumento-, indo da sexta posição no total de homicídios para a quarta.
O poder público não tem explicação para isso. "Mas o aumento
mostra que não adianta só fazer
programas sociais. Tem de haver
políticas de habitação, educação,
lazer e segurança", defende o secretário do Desenvolvimento,
Trabalho e Solidariedade do município, Márcio Pochmann.
Na opinião do ouvidor das polícias do Estado de São Paulo, Fermino Fecchio, os homicídios são
uma "epidemia que não tem sido
tratada como deveria".
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