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No Rio, cena de sexo é encoberta
DA SUCURSAL DO RIO
Mais uma vez, o carnavalesco
Joãosinho Trinta causou polêmica no Carnaval do Rio. Para se
ajustar a uma recomendação da
Promotoria de Infância e Juventude de Duque de Caxias (região
metropolitana do Rio), parte de
dois carros alegóricos da Grande
Rio serão encobertos ou modificados. O objetivo é esconder cenas de sexo.
No carro abre-alas, que simula
uma relação sexual entre os personagens bíblicos Adão e Eva, as
partes de baixo das estátuas serão
cobertas.
Outro carro da escola, no qual
esculturas reproduzem cenas do
"Kama Sutra" (manual indiano
de posições sexuais), também terá
partes tapadas ou modificadas.
Com o enredo "Vamos Vestir a
Camisinha, Meu Amor", a escola
diz que quer estimular a prevenção à Aids.
"No nosso entender, não há
problema. Mas sabíamos, desde
que escolhemos o enredo [sobre o
uso do preservativo], que haveria
polêmica", disse o presidente da
Grande Rio, Hélio de Oliveira.
Anteontem, promotores de Duque de Caxias inspecionaram o
barracão da escola. Voltarão hoje
para verificar se as alterações foram feitas.
"Assinamos com a escola termo
de ajustamento de conduta para
que a alegoria fique de uma forma
que não choque ninguém", afirmou o promotor Galdino Bordallo. Segundo ele, a maior preocupação é com as crianças. "Uma
coisa é insinuar. Outra é estimular
a pornografia", disse Bordallo.
Para Joãosinho Trinta, o "Kama
Sutra" é "uma obra de arte",
"uma ciência", e nada tem de pornográfico. O carnavalesco afirmou ainda que a Bíblia, no livro
do Gênesis, diz que os homens
têm que "crescer e se multiplicar".
"Foi o que Adão e Eva fizeram.
Não é pecado", disse.
Criticando de modo indireto a
Igreja, ele afirmou que a "a TV
pode mostrar tudo, mas o Carnaval não".
Esse é mais um capítulo da briga
de Trinta com a Igreja Católica. O
Ministério Público agiu depois de
uma representação da União dos
Juristas Católicos do Rio, ligada à
Igreja.
O presidente da associação,
Paulo Silveira Martins Leão Júnior, disse que a motivação para a
representação foi "ética e não religiosa". "Não somos contra nada
que é insinuado. Mas nesse caso
era algo muito explícito."
Em 1989, Joãosinho Trinta, na
época na Beija-Flor, teve de encobrir uma imagem de Cristo, que
estava caracterizado como mendigo, em razão de uma decisão da
Justiça favorável à Arquidiocese
do Rio. O enredo, segundo colocado em 1989, era "Ratos e Urubus, Larguem a minha Fantasia".
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