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Salgueiro ressurge com guerreiras africanas
Escola volta a sonhar com título; Portela celebra os jogos Pan-Americanos com atletas
Unidos da Tijuca encanta público com pirâmide
do Egito; Porto da Pedra é aplaudida por crítica a caveirão e racismo
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de um constrangedor
11º lugar no ano passado, o Salgueiro ressurgiu no sambódromo como uma grande escola
voltando ao universo que conhece melhor: temas negros.
Com o enredo "Candaces",
sobre guerreiras africanas, a
agremiação apresentou alegorias e fantasias bonitas -com o
dourado predominando- e
deixou sua torcida sonhando
com a possibilidade de ganhar
depois de 14 anos.
"Quilombo dos Palmares"
(1960), "Chica da Silva" (1963)
e "Festa para um Rei Negro"
(1971) foram outros temas negros que deram vitórias ao Salgueiro. Para retomar essa tradição, o carnavalesco Renato Lage abandonou sua marca de temas modernos ou futuristas.
A Portela, que trouxe como
tema os jogos Pan-Americanos,
reuniu dezenas de dirigentes,
atletas e para-atletas. O cantor
e compositor Paulinho da Viola
voltou a desfilar, depois da ausência do ano passado.
Com R$ 1,8 milhão recebido
do Ministério dos Esportes para seu desfile, a escola tropeçou
logo no início. A dez metros da
primeira cabine de jurados, a
porta-bandeira Andréa Machado escorregou e quase caiu, em
razão de óleo deixado por carros alegóricos.
Vilma Nascimento, porta-bandeira que fez carreira de notas dez na Portela, dançava ao
lado de Andréa, marcando sua
volta à escola após ir para uma
dissidência na década de 80.
Pirâmide
Antes de Salgueiro e Portela,
desfilou a Unidos da Tijuca. No
enredo sobre a fotografia, a alegoria que provocou maior impacto foi a da pirâmide do Egito, montada e desmontada na
avenida pelas pessoas do carro.
O público aplaudia quando as
placas eram retiradas e começavam a aparecer faraós.
O carro lembrou o estilo do
carnavalesco Paulo Barros,
com quem a Tijuca esteve perto
do título nos últimos três anos
-ele agora defende a Viradouro. Neste ano, as chances são
remotas, já que a apresentação
foi apenas correta.
Mas os estreantes Luiz Carlos Bruno e Lane Santana procuraram imprimir sua marca
em soluções criativas. "A gente
não pode ter medo de arriscar.
Coragem para criar é o que o
Carnaval precisa", disse Lane.
Em duas alas, as fotos dos esplendores eram de quem usava
as fantasias. O carro "Álbum de
família" trazia moradores do
morro do Borel -onde fica a escola- como destaques e fotos
de componentes.
Entre as fotos famosas reproduzidas no sambódromo, a que
teve maior destaque foi a da
menina fugindo nua e queimada de um bombardeio na Guerra do Vietnã. Ana Cristina Costa, como destaque com uma
malha cor da pele, representava a garota sob uma réplica de
um avião norte-americano da
época.
Caveirão e funk
Quem abriu a noite foi a Porto da Pedra, que aproveitou o
enredo sobre a África do Sul,
batizado de "Preto-e-branco a
cores", para fazer um alerta
contra a discriminação racial e
a violência.
A alegoria mais esperada era
o caveirão, que representava
um carro utilizado durante o
regime do apartheid e fazia alusão aos blindados usados pela
polícia carioca para entrar em
favelas.
"Onde o Estado não cumpre
sua função, joga o caveirão em
cima da gente", disse o carnavalesco Milton Cunha, muito
aplaudido pelo público após o
desfile. O secretário da Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, assistia ao desfile da escola, da qual sua filha
participava. "O Rio não tem caveirão. Tem unidade de transporte de tropa."
A bateria também surpreendeu ao arriscar rápidas batidas
funk. Desde 1997, quando a Viradouro usou a batida e teve
pontos descontados, as escolas
tinham desistido da ousadia.
Ainda desfilariam ontem Imperatriz Leopoldinense, Grande Rio e Beija-Flor.
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