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Nunca saberei o que ocorreu, diz mãe de motorista morto
Filho dirigiu por 4 km na contramão da Castello Branco e morreu ao bater em carreta
Mãe afirma que rapaz nunca apresentou sintomas de desequilíbrio mental, jamais se envolveu com drogas e bebia "apenas socialmente"
PAULO SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL A PARANAPANEMA (SP)
"O que quer que tenha se passado, meu filho levou com ele.
Eu nunca vou saber." É assim
que Marlene Plenz, 55, tenta
encarar a morte do filho caçula
Kleber Rodrigues Plenz, 27,
que na manhã do domingo trafegou por 4 km pela contramão
da rodovia Castello Branco,
sem desviar dos carros que vinham em direção contrária, até
bater em uma carreta e morrer.
A mãe diz que o filho nunca
apresentou sintomas de desequilíbrio mental, jamais se envolveu com drogas e bebia "socialmente, como todo rapaz na
idade dele". "Você sabe como
são os jovens, eles bebem mesmo, ainda mais quando estão
com amigos em um bar."
Até mesmo os psicólogos se
recusam a arriscar um palpite
sobre o que teria levado o bancário a acelerar em direção a
outros carros. "Eu precisaria
ser a mãe Diná para falar sobre
o que se passava na cabeça desse rapaz. Qualquer coisa que eu
diga vai ser mero chute, especulação", afirma o psicólogo
Daniel Fuentes, do Hospital
das Clínicas.
Em Paranapanema, cidade a
256 km de SP onde Kleber nasceu e foi criado, os amigos dizem que ele gostava de velocidade, de beber um uísque, era
meio "boyzinho". O adjetivo
mais comprometedor sobre
seu comportamento era "galinha". "Eu mesmo já fiquei com
o Kleber, mas foi quando era jovem, antes de casar. Eu e quase
todas as mulheres da cidade",
diz Denise (nome fictício), 22.
A mãe confirma, a tia, o irmão, o melhor amigo. "Ele era
mulherengo, sim. Não tem mulher aqui que não o achasse lindo. E era mesmo, moreno alto,
forte", diz a tia Narcisa.
Por isso, amigos e parentes
acham impossível imaginar
que uma discussão com a namorada ciumenta na festa de
formatura, pouco antes do acidente, o teria feito trafegar pela
contramão em uma rodovia.
"Já vi o Kleber brigar com as
meninas no telefone, mas ele
nunca saiu para beber por causa disso. Não esquentava mesmo", diz o amigo Kaeser Thadeo el Khour, 24, com quem
Kleber dividiu uma quitinete
quando estudou direito em
Presidente Prudente.
Um tia de Francine, a moça
com quem Kleber saía desde o
Réveillon, diz que "os dois nem
eram namorados: apenas ficavam". "Ele não tinha namorada, tinha namoradas. Para dizer
que estava namorando com alguém era preciso muito", conta
a tia Narcisa.
Esse teria sido o principal
motivo que levou a ex-mulher
Letícia Bortotti a separar-se
dele. Os dois se casaram porque
ela descobriu que estava grávida. Na ocasião, Kleber trancou
a matrícula da faculdade em
Presidente Prudente e mudou-se para São Paulo. O casamento
acabou, mas os dois mantinham um bom relacionamento. Ela se casou de novo.
Letícia, que hoje tem 27 anos,
também nasceu em Paranapanema. O filho, que completou
três anos em janeiro, vivia com
a mãe. O pai ficava com o menino a cada três fins de semana. O
fim de semana passado, quando
ocorreu o acidente, era justamente a vez de Kleber ficar
com o filho. Porém, segundo
um parente que não quis se
identificar, o bancário não apareceu para buscá-lo no sábado.
Foi Letícia, com a ajuda de
parentes, quem ajudou a tomar
todas as providências necessárias com o corpo, reconhecimento, traslado, enterro. "Se
ele fosse mau, você acha que a
ex-mulher ia fazer tanto por
ele? Ainda mais mulher, você
sabe como é, não esquece nada", diz a mãe de Kleber.
Colaborou RICARDO WESTIN, da Reportagem
Local
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