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Secretaria da Saúde apura doença de tireóide em vizinhos de indústria
Incidência é maior em pessoas que vivem perto de pólo petroquímico de SP
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Pessoas que vivem na vizinhança do Pólo Petroquímico
do Grande ABC sofrem mais
que a população em geral de
uma doença que afeta a tireóide
(glândula produtora de hormônios que regulam o metabolismo, localizada no pescoço), segundo um estudo recém-concluído da Secretaria de Estado
da Saúde de São Paulo.
O Pólo Petroquímico do
Grande ABC fica entre as cidades de Santo André e Mauá e o
bairro paulistano de São Rafael
(zona leste) e reúne 14 fabricantes de produtos químicos
derivados do petróleo, que são
a matéria-prima de resinas,
borrachas, tintas e plásticos.
A suspeita de que ali haveria
algum problema surgiu após o
alerta de uma médica endocrinologista da região que se espantou com a quantidade de
pacientes com tireoidite de
Hashimoto que a procuravam.
Trata-se de uma doença auto-imune. O sistema imunológico da pessoa começa a produzir anticorpos contra a tireóide,
o que pode levar a uma inflamação da glândula (bócio) e a uma
queda na produção de hormônios (hipotireoidismo).
Os principais sintomas são
cansaço, sonolência, pressão
arterial baixa, colesterol alto,
depressão, pele seca, unhas e
cabelos fracos e, no caso das
mulheres, mudança no ciclo
menstrual. A doença pode ser
controlada, mas não curada.
Em casos raros, leva à morte.
Os agentes da Secretaria da
Saúde examinaram 781 vizinhos do pólo petroquímico. Para melhor análise dos resultados, submeteram aos mesmos
exames 752 pessoas de um
bairro de Diadema onde também há indústrias, porém nenhuma do setor petroquímico.
No grupo que fica perto do
pólo petroquímico, 49 pessoas
apresentaram a doença (6,3%).
No outro grupo, foram 22
(2,9%). O primeiro índice é
mais que o dobro do segundo.
A Secretaria da Saúde continuará a investigação, agora para determinar exatamente o
que levou a uma maior incidência da tireoidite de Hashimoto
no entorno do pólo. Serão analisados o ar, a água e o solo.
"Na literatura médica, não
encontramos estudo que relacionasse a doença a pólos petroquímicos. Isso é, provavelmente, uma coisa nova. Precisamos fazer uma aprofundamento para saber se realmente
há algum fator ambiental envolvido", diz a coordenadora
estadual de Controle de Doenças, Clélia Aranda.
A Folha não conseguiu entrar em contato ontem com o
Pólo Petroquímico do Grande
ABC. Em sua página na internet, o grupo diz que cumpre
"rígidos programas voltados à
saúde, à segurança e ao meio
ambiente" e que "não tem registro de doenças ocupacionais
relacionadas à poluição".
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