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Igreja de 220 anos é interditada no largo São Francisco
Segundo a prefeitura, há risco de desabamento da construção, projetada por Frei Galvão e tombada pelo patrimônio histórico
Vistoria identificou trincas e infiltrações na igreja, que é um dos mais importantes expoentes da arquitetura sacra da cidade de SP
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo interditou, por falta de segurança
e risco de desabamento, a igreja
da Venerável Ordem Terceira
de São Francisco, concluída por
volta de 1788 próxima à catedral da Sé. É um dos mais importantes expoentes da arquitetura sacra da cidade.
A igreja, tombada pelo patrimônio histórico em 1982, compõe o conjunto arquitetônico
onde está a Faculdade de Direito da USP, no largo São Francisco, centro da cidade.
Frei Galvão -primeiro santo
brasileiro, canonizado no ano
passado pelo papa Bento 16 em
sua visita do Brasil- foi projetista da igreja. Também é de
Frei Galvão o projeto do Mosteiro da Luz, inaugurado em
1774, onde o próprio religioso-arquiteto morou.
Até o século 19, o local onde
fica a igreja era utilizado para o
enterro de pessoas ilustres. Antes, o prédio era um anexo da
Igreja de São Francisco.
Segundo o Contru (Departamento de Controle de Uso de
Imóveis), órgão da Secretaria
Municipal da Habitação, o teto
da igreja está desabando e não
há sistema de combate a incêndio. A fiação elétrica está exposta.
A vistoria também identificou trincas e infiltrações, além
de danos no sistema hidráulico
e falta de iluminação de emergência e de alarmes contra incêndios.
Os técnicos do Contru fizeram a vistoria a pedido do Ministério Público. Agora, para
ser reaberto, o local deve passar
por reformas, como já está
ocorrendo com a vizinha Igreja
de São Francisco.
A igreja é representativa do
barroco brasileiro, conta com
altares cobertos de ouro e tem
um desenho original, com o teto em formato de octógono, segundo Benedito Lima de Toledo, professor de história de arquitetura da FAU-USP.
Autor de "Frei Galvão - Arquiteto" (Ateliê Editorial,
2007), Toledo diz que a igreja e
o mosteiro têm características
arquitetônicas semelhantes.
Além disso, a igreja mantém
sua arquitetura original.
A Folha procurou ontem a
Cúria Metropolitana, mas a assessoria informou que a igreja
não é mantida pela instituição,
mas pela ordem. Ninguém
atendia ao telefone da ordem
ontem à tarde. Ao site "G1", o
administrador da igreja, João
Azarias, afirmou que a reforma
só será possível com contribuições da população.
O presidente do Conpresp
(órgão municipal do patrimônio histórico), José Eduardo de
Assis Lefèvre, disse que a ordem não tem dinheiro para
realizar a reforma exigida.
"Pelo que soubemos, os franciscanos não têm recursos para
fazer a obra. É um prédio muito importante", disse.
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