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Thesca, o silicone e a odisséia particular
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
"O negócio dela era ganhar
dinheiro para se transformar", diz a família, pasma
com o fim brusco da odisséia
particular de Thesca -que
deixou Teresina para se travestir em São Paulo, implantou silicone em busca do corpo perfeito e morreu sem
realizar seu sonho italiano.
Thesca nasceu Francisco
das Chagas Azevedo, prematuro de seis meses que "desenvolveu bem", chegando a
1,84 m. "Desde 1 ano já tinha
jeito, era o mais delicadinho
de cinco irmãos", enfiando-se sempre nas brincadeiras
de boneca das irmãs.
Aos 17, "tomou coragem e
se assumiu", ali mesmo no
bairro Dirceu, "onde era adorado até por senhoras de idade". Em menos de um mês se
vestia como mulher; logo era
o Miss Gay Teresina. Mas
queria ir para São Paulo, juntar dinheiro para morar na
Itália -lá seria respeitado.
Com 21 anos chegou em
São José dos Campos. Em
um ano investiu R$ 15 mil no
corpo, com prótese nos seios
e implante nas nádegas. O dinheiro de sobra, enviava religiosamente para a mãe.
Solteira, Thesca gastava
bem o salto nos forrós. Fora
até convidada, diz a irmã, para dançar em bandas do
Piauí. "Mas era muito tímida" e até para comprar sapato tinha que ir uma irmã junto. Só à noite, quando punha
a roupa de trabalho, sentia-se à vontade.
Viajaria ao Piauí para dar
adeus à família, rumo a Itália.
"Nunca foi tão feliz". Mas o
último implante, nas coxas,
invadiu as artérias, causando
edema pulmonar e asfixia.
Thesca morreu no dia 12, de
parada cardíaca, aos 22, em
São José dos Campos.
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