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Suíça confirma que Paula confessou farsa
Em comunicado divulgado ontem, a Procuradoria Geral de Zurique informou que confissão foi feita à polícia na última sexta
Advogado que assumiu o caso disse que a brasileira prestará novo depoimento na próxima semana; Paula já responde a ação penal
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ZURIQUE
A Procuradoria Geral de Zurique confirmou que a brasileira Paula Oliveira, 26, confessou
no último dia 13 que mentiu à
polícia quando contou ter sido
atacada por neonazistas e sofrido um aborto após a agressão.
Segundo um comunicado divulgado ontem, Paula confessou que os cortes em sua pele
foram feitos por ela mesma, e
que jamais esteve grávida.
Na quarta-feira, a Procuradoria já havia aberto uma ação
penal contra Paula por falsa denúncia, crime que prevê pena
de três anos de cadeia ou pagamento de multa. Ela também
teve o passaporte apreendido e
está proibida de deixar a Suíça
até o fim das investigações.
Um advogado foi indicado
pela Procuradoria para defender a brasileira, que voltará a
ser interrogada na próxima semana. Segundo Roger Müller, o
defensor público que assumiu o
caso, Paula prestará novo depoimento provavelmente na
terça-feira ao procurador do
caso, Marcel Frei.
A gravidez de Paula já havia
sido descartada por um laudo
independente, mas até ontem a
polícia continuava afirmando
que a agressão continuava sendo investigada. Porém, a publicação da informação por um semanário de Zurique acabou levando a Procuradoria a confirmar ontem a confissão.
Segundo o comunicado da
Procuradoria, não está claro
qual foi a motivação de Paula e
se ela teve cúmplices na farsa.
Marcel Frei informou à Folha que, além de Paula, também vai interrogar o namorado
dela, Marco Trepp. O jornal
"Tages Anzeiger" disse anteontem que entre as suspeitas estão a possível intenção de Paula de receber uma indenização
do Estado até forçar o namorado a casar com ela.
"Em 13 de fevereiro de 2009,
[Paula] declarou que não aconteceu nenhum ato de agressão,
e que ela tinha aplicado as feridas de corte nela por si própria", diz o comunicado.
"Quando confrontada com o
resultado dos exames ginecológicos, ela confirmou que não tinha se encontrado em estado
de gravidez."
A Procuradoria confirmou
que a confissão de Paula a policiais num quarto do hospital de
Zurique, onde ficou internada
por seis dias, não pode ser usada como prova na investigação,
mas como indício de que ela
enganou as autoridades, incorrendo no artigo 302 do código
penal suíço, que prevê pena de
até três anos de prisão.
O advogado Roger Müller,
porém, praticamente descartou ontem que a pena máxima
seja aplicada. O caso, diz, pode
ser encerrado com o pagamento de multa após um único depoimento da brasileira ao procurador. Ele não quis confirmar se a confissão será repetida no novo interrogatório.
A confissão de Paula ocorreu
na sexta-feira, dia 13, horas antes de a polícia desmentir a sua
gravidez e indicar que suspeitava de automutilação. Ainda
assim, afirmou que investigava
a versão de Paula de que fora
agredida por três neonazistas
na periferia de Zurique. Ontem
o desmentido se tornou oficial.
O pai da brasileira, o advogado Paulo Oliveira, não quis falar com a imprensa ontem. O
namorado de Paula continua
sem ser localizado.
O Itamaraty informou que
continuará dando apoio consular e atuando como facilitador
no caso da advogada. O apoio é
no sentido de garantir que a
brasileira não sofra discriminação. O ministério mantém o
pedido às autoridades policiais
e judiciais suíças de investigações céleres e rigorosas.
Colaborou a Sucursal de Brasília
Leia a íntegra do
comunicado da
Procuradoria
www.folha.com.br/090504
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