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1 a cada 5 professores brasileiros é temporário
Mato Grosso tem situação mais grave, revela levantamento feito pela Folha em 23 Estados
Ao menos outros 7 Estados, entre os quais SP, têm mais temporários que a média nacional; situação afeta o ensino, diz professor da USP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA
Pelo menos um em cada cinco professores da rede estadual
de ensino no Brasil é temporário, revela levantamento da Folha em 23 Estados.
As situações mais graves são
as de Mato Grosso, em que 49%
dos docentes não são efetivos, e
de São Paulo (43%), de acordo
com dados atualizados ontem.
São Paulo enfrenta uma crise
desde que a Justiça suspendeu,
no dia 4, uma prova em que cerca de 3.500 professores temporários tiraram nota zero. A prova ocorreu em dezembro.
Outros Estados têm índices
piores do que a média nacional
(22%): Ceará, Maranhão, Piauí,
Amazonas, Acre e Espírito Santo. Amapá, Mato Grosso do Sul
e Rio Grande do Norte não responderam à Folha. A Paraíba
disse que, devido à mudança de
governo, nesta semana, não
conseguiria informar a tempo
o número de temporários.
O excesso de temporários
impede as escolas de constituírem equipes estáveis, com projetos de longo prazo, diz Romualdo Portela, professor da
Faculdade de Educação da
USP. Para a qualidade de ensino, diz, "é muito ruim". "E é
também um professor estressado", prejudicado, segundo
ele, pela falta de estabilidade.
O presidente da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Roberto Leão, afirma que o ideal
são os concursos públicos.
Temporários, só "para emergências". "Isso não pode ser política estadual, como ocorre em
SP, uma verdadeira aberração."
A seleção de temporários
nem sempre é precedida de
prova. Em Goiás, Mato Grosso,
Sergipe e Tocantins, a secretaria estadual ou as escolas escolhem, após análise de currículo.
Em casos mais drásticos, em
que não há professores suficientes para preencher as vagas, universitários são aceitos,
como em Santa Catarina e no
Rio Grande do Sul.
A insuficiência de candidatos
qualificados é justamente uma
das razões que explicam a contratação precária. Outra é a
não-realização de concurso por
período longo ou a cessão de
docentes para outras funções.
Em São Paulo, disse a Secretaria da Educação, 66 mil cargos de professor efetivo são
preenchidos por temporários
porque 36 mil deles estão em
cargos como coordenação pedagógica e 30 mil em licença.
Há também situações em
que a distribuição territorial da
população pode influenciar.
Segundo a Secretaria de Educação de Mato Grosso, há municípios com apenas uma escola estadual -e os professores
não conseguem preencher todas as horas previstas em um
concurso. Como as cidades são
distantes, o professor é chamado para contratos temporários
de menos horas de duração.
O Rio de Janeiro é a exceção
-mantém temporários só em
educação indígena. Segundo a
Secretaria de Educação, se é
preciso substituir alguém, professores concursados são chamados e ganham hora-extra.
(ANGELA PINHO, JOHANNA NUBLAT, LARISSA GUIMARÃES E RENATA BAPTISTA)
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