São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2011

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Que bloco é este?

Sobra criatividade na festa de rua de PE e BA, que tem foliões em varas e até "open bar"

FÁBIO GUIBU
DE RECIFE
MATHEUS MAGENTA
DE SALVADOR

Enquanto mulheres sobem em varas de bambu ou fazem striptease sobre uma porta no meio da folia em Olinda, garotas bonitas são recrutadas para um harém e garçons servem bebidas à vontade para os foliões no meio da festa, em Salvador.
São os blocos exóticos do Carnaval de Pernambuco e da Bahia, nos quais a criatividade é que garante a festa.
O fenômeno é mais forte em Pernambuco, que cultua os antigos carnavais de rua e seus ritmos centenários. Blocos como o Mulher na Vara unem a tradição das orquestras de frevo com a irreverência -mistura que virou a marca da folia em Olinda.
"Começamos com 22 foliões em 1993 e, neste ano, vamos arrastar 3.500", conta o presidente da agremiação, Carlos Porciúncula, 47.
O crescimento trouxe um impasse: "As mulheres ficaram indóceis, todas querendo subir na vara primeiro".
A solução, diz ele, foi mais uma vez inovar. "Neste ano, vamos sair com duas varas. Vai ter para todas", brinca.
No desfile, mulheres se equilibram sobre uma vara de bambu de 5 m no ombro dos foliões. A que ficar mais tempo em pé é aplaudida.
Mais radical, o bloco A Porta arrasta uma multidão nas ladeiras de Olinda atrás do seu estandarte, uma porta antiga. Sobre ela, anônimos improvisam stripteases.
Mais abertos a novidades, os blocos baianos tentam criar diferenciais, sem, no entanto, se afastar muito do padrão "trio elétrico, cordas de isolamento e axé music".
O Harém encontrou seu caminho nas mulheres. Não todas, só as bonitas. Elas são "recrutadas" em festas e não pagam para participar. Para evitar as consideradas feias, um esquema de identificação impede a venda do abadá.
Em quatro anos de existência, o Harém já consegue vender todos os abadás disponíveis para homens e, neste ano, desfilará mais um dia.
Quem busca mordomia, o Open Barra terá 80 garçons, que servirão bebidas alcoólicas e refrigerantes à vontade em plena avenida, num sistema open bar.

A Porta
Olinda
Integrantes do bloco carregam uma porta antiga sobre os ombros, como se ela fosse o piso de um palco. Foliões -principalmente foliãs- anônimos sobem na porta e, em pleno desfile, retiram parte da roupa (alguns só insinuam). Depois elas descem e o bloco continua até que outro folião suba de novo

Mulher na Vara
Olinda
Integrantes do bloco carregam nos ombros uma vara de bambu de cinco metros. Foliãs anônimas são colocadas de pé sobre a vara durante do desfile e as que permanecem mais tempo equilibradas são aplaudidas

Open Barra
Salvador
Os 1.200 foliões terão a mordomia de 80 garçons para servir livremente uísque, vodka, cerveja e água num sistema de open bar (bebidas inclusas no pacote)

Enquanto isso, na sala de justiça
Olinda
Tem 16 anos e conta com foliões fantasiados de heróis e vilões, não necessariamente os já existentes nas histórias em quadrinhos e TV. Há quem se fantasie de Supercílio e Supermercado, por exemplo. Vale tudo

Segurucu
Olinda
Os foliões cantam agachados o hino da agremiação que diz, na sua parte mais publicável, "Segurucu é do Alaska, segurucu se não você se lasca". As fantasias/roupas são livres, cada um vai do jeito que quiser.

A Corda
Olinda
Bloco sai às ruas nas manhãs da terça de Carnaval, no centro histórico de Olinda. Os foliões seguram uma corda, batem panelas e gritam o nome do bloco para despertar as pessoas. Muitas vezes, invadem as casas de conhecidos para acordar os moradores

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