|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Trânsito piora mais fora da hora do rodízio
Conclusão revelada em relatório da CET indica a tendência de espalhamento do congestionamento ao longo do dia
Para técnicos, com o aperto da fiscalização, motorista reprogramou os seus
horários para sair só após o fim do período de restrição
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O trânsito na cidade de São
Paulo piorou em 2006 principalmente entre 10h30 e 13h, fora do horário de vigência do rodízio de veículos.
O resultado, revelado por um
relatório recém-concluído pela
CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), indica que a
tendência de espalhamento
dos congestionamentos ao longo do dia, verificada desde a última década, foi intensificada.
A principal explicação dos
técnicos para esse fenômeno
está ligada ao aperto da fiscalização do rodízio, que aumentou os indicadores de obediência à restrição e, com isso, levou
a uma nova reprogramação das
viagens de muitos motoristas.
A restrição para 20% da frota
a cada dia no centro expandido
é válida das 7h às 10h e das 17h
às 20h. Na prática, os novos números da CET sinalizam que
muita gente pode estar saindo
mais tarde de casa pela manhã.
No ano passado, a média de
engarrafamentos aferida pela
companhia entre 7h e 10h teve
um salto de 3 km, de 52 km para
55 km -enquanto no intervalo
das 10h30 às 13h ele foi maior,
de 8 km, de 40 km para 48 km.
Há 12 anos, quem circulava
no final da manhã e no horário
do almoço nas vias monitoradas pela CET enfrentava um
trânsito muito mais tranqüilo
do que no "rush" da manhã.
A média de lentidão era de 28
km -15 km e 35% menos do
que no período das 7h às 10h. A
vantagem agora despencou para 7 km e 13% -ou seja, sair
mais tarde de casa achando que
vai escapar do tráfego pesado é
cada vez menos verdade.
Durante a tarde, ainda é bem
vantajoso sair do trabalho mais
cedo para fugir do pico das 17h
às 20h. A vantagem, porém,
também está em fase de queda.
Em 2006, no horário das
13h30 às 16h30, fora do rodízio,
os engarrafamentos acumulados em São Paulo subiram 3
km, de 39 km para 42 km. Já no
"rush" do final de tarde e começo da noite a média chegou até a
cair 4 km, de 85 km para 81 km.
Fiscalização
Paulo Seiti Ueta, gestor de
pesquisa da CET, e Flamínio
Fichmann, urbanista e consultor de engenharia de tráfego,
avaliam que a tendência acentuada de espalhamento dos
congestionamentos está relacionada à fiscalização mais ostensiva e à obediência maior ao
rodízio municipal de veículos.
A partir do segundo semestre
de 2005, a prefeitura intensificou as multas, com a implantação de câmeras que lêem as placas e identificam os infratores.
No último ano, esse tipo de penalidade subiu mais de 50%.
O resultado é que a proporção de respeito ao rodízio saltou de 85% para 87% pela manhã e de 78% para 82% à tarde.
Isso significa que subiu a quantidade dos que obedecem a restrição de circular no horário,
mas não necessariamente que
os carros ficam na garagem.
Na lista das avenidas em que
a CET pesquisa a obediência ao
rodízio, a avenida do Estado, ligação da zona norte ao ABC,
concentra os menores índices
de respeito à regra -de 79% de
manhã e de 73% à tarde.
Pesquisa da CET mostra que
24% dos veículos proibidos de
rodar das 7h às 10h pelo rodízio
acabam circulando meia hora
antes e 20%, uma hora depois.
"A hora de pico se estendeu.
Há cada vez menos momentos
de vale, de alívio do trânsito",
afirma Seiti Ueta, da CET.
"Vai chegar uma hora em que
a lentidão fora do pico será tão
elevada como no pico", diz
Fichmann, para quem essa situação poderá ocorrer em até
três anos. "A solução passa pelo
controle do adensamento da
população", defende ele.
Texto Anterior: Há 50 Anos Próximo Texto: Na avenida Rebouças, recorde de lentidão ocorre das 10h às 11h Índice
|