São Paulo, terça-feira, 20 de março de 2007

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Trânsito piora mais fora da hora do rodízio

Conclusão revelada em relatório da CET indica a tendência de espalhamento do congestionamento ao longo do dia

Para técnicos, com o aperto da fiscalização, motorista reprogramou os seus horários para sair só após o fim do período de restrição


ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O trânsito na cidade de São Paulo piorou em 2006 principalmente entre 10h30 e 13h, fora do horário de vigência do rodízio de veículos.
O resultado, revelado por um relatório recém-concluído pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), indica que a tendência de espalhamento dos congestionamentos ao longo do dia, verificada desde a última década, foi intensificada.
A principal explicação dos técnicos para esse fenômeno está ligada ao aperto da fiscalização do rodízio, que aumentou os indicadores de obediência à restrição e, com isso, levou a uma nova reprogramação das viagens de muitos motoristas.
A restrição para 20% da frota a cada dia no centro expandido é válida das 7h às 10h e das 17h às 20h. Na prática, os novos números da CET sinalizam que muita gente pode estar saindo mais tarde de casa pela manhã.
No ano passado, a média de engarrafamentos aferida pela companhia entre 7h e 10h teve um salto de 3 km, de 52 km para 55 km -enquanto no intervalo das 10h30 às 13h ele foi maior, de 8 km, de 40 km para 48 km.
Há 12 anos, quem circulava no final da manhã e no horário do almoço nas vias monitoradas pela CET enfrentava um trânsito muito mais tranqüilo do que no "rush" da manhã.
A média de lentidão era de 28 km -15 km e 35% menos do que no período das 7h às 10h. A vantagem agora despencou para 7 km e 13% -ou seja, sair mais tarde de casa achando que vai escapar do tráfego pesado é cada vez menos verdade.
Durante a tarde, ainda é bem vantajoso sair do trabalho mais cedo para fugir do pico das 17h às 20h. A vantagem, porém, também está em fase de queda.
Em 2006, no horário das 13h30 às 16h30, fora do rodízio, os engarrafamentos acumulados em São Paulo subiram 3 km, de 39 km para 42 km. Já no "rush" do final de tarde e começo da noite a média chegou até a cair 4 km, de 85 km para 81 km.

Fiscalização
Paulo Seiti Ueta, gestor de pesquisa da CET, e Flamínio Fichmann, urbanista e consultor de engenharia de tráfego, avaliam que a tendência acentuada de espalhamento dos congestionamentos está relacionada à fiscalização mais ostensiva e à obediência maior ao rodízio municipal de veículos.
A partir do segundo semestre de 2005, a prefeitura intensificou as multas, com a implantação de câmeras que lêem as placas e identificam os infratores. No último ano, esse tipo de penalidade subiu mais de 50%.
O resultado é que a proporção de respeito ao rodízio saltou de 85% para 87% pela manhã e de 78% para 82% à tarde. Isso significa que subiu a quantidade dos que obedecem a restrição de circular no horário, mas não necessariamente que os carros ficam na garagem.
Na lista das avenidas em que a CET pesquisa a obediência ao rodízio, a avenida do Estado, ligação da zona norte ao ABC, concentra os menores índices de respeito à regra -de 79% de manhã e de 73% à tarde.
Pesquisa da CET mostra que 24% dos veículos proibidos de rodar das 7h às 10h pelo rodízio acabam circulando meia hora antes e 20%, uma hora depois.
"A hora de pico se estendeu. Há cada vez menos momentos de vale, de alívio do trânsito", afirma Seiti Ueta, da CET.
"Vai chegar uma hora em que a lentidão fora do pico será tão elevada como no pico", diz Fichmann, para quem essa situação poderá ocorrer em até três anos. "A solução passa pelo controle do adensamento da população", defende ele.


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