A menina perdeu uma perna, depois de ser atropelada por um Vectra posto em movimento por um garoto de 3 anos

Os dois homens responsáveis pelo veículo fugiram após ameaças dos vizinhos, que precisaram ser contidos pela polícia

LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A menina Gabriele de Lima Santos, 4, foi atropelada por um carro desgovernado e teve a perna esquerda decepada quando brincava com o irmão de 9 anos na calçada em frente à sua casa em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo.
Dentro do veículo estava apenas um menino de 3 anos, que entrou no carro sem que a mãe percebesse e acidentalmente fez o veículo andar, provocando o atropelamento.
O acidente aconteceu por volta das 17h50 de anteontem na rua São José, no bairro de Pedreira, em Itaquaquecetuba, de acordo com a polícia.
Dois homens, que foram identificados pela polícia apenas pelos primeiros nomes -Ricardo e Edvaldo- foram até a casa de número 16 para negociar o aluguel de um cômodo com a proprietária Eliene Santos Cardoso, 36, segundo o delegado Eduardo Boigues Queiroz, assistente da delegacia do município.
Segundo testemunhas, eles deixaram seu Vectra -com a porta aberta- na frente da casa. Os dois entraram para falar com Eliene. Um dos três filhos dela, de 3 anos, entrou no veículo sem que ninguém percebesse e pôs o automóvel em movimento.
A casa fica em uma ladeira. O delegado Queiroz diz acreditar que o freio de mão não havia sido puxado e o veículo começou a andar quando o menino mexeu na embreagem. Porém, até ontem à noite não era possível saber com exatidão o que fez o veículo se movimentar.
O Vectra andou com o menino a bordo por aproximadamente 50 metros. No trajeto, o carro bateu em uma Courier que transportava gás e subiu na calçada onde Gabriele brincava com o irmão.
"O irmão dela falou: "corre que vem um carro", mas ela não conseguiu tirar a perna a tempo", disse o tio da vítima Gildemar Silva Santos, 30.
A menina teve então o pé esquerdo decepado e rolou em uma escadaria que dá acesso à sua casa. O carro só parou ao bater em um poste próximo. O menino que estava a bordo não sofreu ferimentos.

Tumulto
Segundo a polícia, moradores da rua tentaram agredir os dois homens responsáveis pelo Vectra. A dupla fugiu e uma multidão tentou incendiar o veículo.
O tumulto foi contido pela Polícia Militar, mas o carro teve que ser retirado do local sem passar por perícia técnica.
A menina foi levada para o pronto-socorro do hospital Santa Marcelina. Ela teve a perna amputada abaixo do joelho e não tem previsão de alta médica. Seus parentes dizem não ter condições de comprar uma prótese e medicamentos para a filha acidentada.
A polícia trata o caso como uma fatalidade. "Um inquérito foi aberto para apurar se houve negligência do dono do Vectra e da mãe do menino", disse o delegado.
Parentes de Eliene falaram que ela está em choque e saiu de casa por estar sofrendo hostilidades de vizinhos. Eles disseram que ninguém percebeu quando o menino entrou no carro e não sabem como o veículo começou a andar.
Os dois homens donos do Vectra não haviam se apresentado à polícia até o início da noite de ontem.


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