São Paulo, sexta-feira, 20 de março de 2009

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Juíza de Catanduva manda soltar dois acusados de pedofilia

Presos foram liberados após prestar depoimentos na CPI que investiga possível rede de abusos contra crianças

Eles disseram que apenas eram amigos de um dos presos acusados de integrar esquema; há oito suspeitos, dos quais dois detidos

ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO, EM CATANDUVA

Dois dos quatro presos acusados de formar uma suposta rede de pedofilia em Catanduva (SP) foram soltos ontem à noite pela Justiça, após prestar depoimentos no último dia da CPI da Pedofilia na cidade.
No entendimento da juíza Sueli Alonso, os princípios para as duas prisões eram semelhantes aos que nortearam a ordem de prisão de dois outros acusados que estavam foragidos -e que tiveram aceito pedido de habeas-corpus anteontem pelo Tribunal de Justiça.
O comerciante André Centurion, 22, e o almoxarife Eduardo Arquino, 19, disseram que foram envolvidos no caso por serem amigos de William Melo, 19, reconhecido por quase a totalidade das cerca de 45 vítimas- cinco novas crianças foram anexadas ao processo.
"Depois dos depoimentos, já não estou tão convencido de que eles têm culpa. Com certeza, teremos que achar mais provas", disse o presidente da CPI, Magno Malta (PR-ES).
Em relato de 40 minutos, Arquino disse que só estava ali por ter tirado uma foto em 2006 com William. Duas crianças o teriam o reconhecido, fato que ele afirmou não saber explicar. Ele negou as acusações.
Centurion, que depôs em seguida, adotou a mesma defesa. Filho do dono de um comércio de tintas, onde Melo e Arquino trabalharam, Centurion aparece na mesma foto e teria sido reconhecido por duas crianças.
"Sou casado há três meses e moro em SP, onde tenho um comércio, há dois anos. Venho para Catanduva a cada 40 dias e fico com minha família."
No depoimento mais esperado do dia, José Barra Nova de Melo, 46, o Zé da Pipa, pouco falou. Ele negou ou disse desconhecer as acusações. Os senadores chegaram a ler relatos constrangedores das crianças -um deles diz que ele dançou nu ao som da banda Calypso. Zé da Pipa está preso.
Também detido, William de Souza Melo foi o último a falar. Ele acusou as mães das crianças de orquestrarem a acusação contra ele depois da prisão do tio, por causa de uma briga de bairro. "Se houve ato de pedofilia, eu não tenho participação."
Dois adolescentes, de 16 e 17 anos, apreendidos na Fundação Casa acusados de aliciar as crianças em troca de dinheiro também foram ouvidos, mas se limitaram a questionar a razão de serem interrogados.
A CPI ouviu ontem dez pessoas, seis acusados e quatro convidados em quase dez horas. O médico Wagner Rodrigo Brida Gonçalves, 31, e o empresário José Emmanuel Volpon Diogo, 44, continuam procurados pela Polícia Federal para deporem na CPI. Eles obtiveram habeas corpus, anteontem, mas não foram encontrados.


Entenda o caso
O caso começou a ser investigado em dezembro. Meninos e meninas, de seis a 12 anos, relataram casos de abusos sexuais e violência supostamente praticados por moradores locais. Há oito suspeitos do crime, dos quais dois adolescentes.


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