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Juíza de Catanduva manda soltar dois acusados de pedofilia
Presos foram liberados após prestar depoimentos na CPI que investiga possível rede de abusos contra crianças
Eles disseram que apenas eram amigos de um dos presos acusados de integrar esquema; há oito suspeitos, dos quais dois detidos
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO, EM CATANDUVA
Dois dos quatro presos acusados de formar uma suposta
rede de pedofilia em Catanduva
(SP) foram soltos ontem à noite
pela Justiça, após prestar depoimentos no último dia da
CPI da Pedofilia na cidade.
No entendimento da juíza
Sueli Alonso, os princípios para
as duas prisões eram semelhantes aos que nortearam a ordem de prisão de dois outros
acusados que estavam foragidos -e que tiveram aceito pedido de habeas-corpus anteontem pelo Tribunal de Justiça.
O comerciante André Centurion, 22, e o almoxarife Eduardo Arquino, 19, disseram que
foram envolvidos no caso por
serem amigos de William Melo,
19, reconhecido por quase a totalidade das cerca de 45 vítimas- cinco novas crianças foram anexadas ao processo.
"Depois dos depoimentos, já
não estou tão convencido de
que eles têm culpa. Com certeza, teremos que achar mais
provas", disse o presidente da
CPI, Magno Malta (PR-ES).
Em relato de 40 minutos, Arquino disse que só estava ali por
ter tirado uma foto em 2006
com William. Duas crianças o
teriam o reconhecido, fato que
ele afirmou não saber explicar.
Ele negou as acusações.
Centurion, que depôs em seguida, adotou a mesma defesa.
Filho do dono de um comércio
de tintas, onde Melo e Arquino
trabalharam, Centurion aparece na mesma foto e teria sido
reconhecido por duas crianças.
"Sou casado há três meses e
moro em SP, onde tenho um
comércio, há dois anos. Venho
para Catanduva a cada 40 dias e
fico com minha família."
No depoimento mais esperado do dia, José Barra Nova de
Melo, 46, o Zé da Pipa, pouco
falou. Ele negou ou disse desconhecer as acusações. Os senadores chegaram a ler relatos
constrangedores das crianças
-um deles diz que ele dançou
nu ao som da banda Calypso. Zé
da Pipa está preso.
Também detido, William de
Souza Melo foi o último a falar.
Ele acusou as mães das crianças de orquestrarem a acusação
contra ele depois da prisão do
tio, por causa de uma briga de
bairro. "Se houve ato de pedofilia, eu não tenho participação."
Dois adolescentes, de 16 e 17
anos, apreendidos na Fundação Casa acusados de aliciar as
crianças em troca de dinheiro
também foram ouvidos, mas se
limitaram a questionar a razão
de serem interrogados.
A CPI ouviu ontem dez pessoas, seis acusados e quatro
convidados em quase dez horas. O médico Wagner Rodrigo
Brida Gonçalves, 31, e o empresário José Emmanuel Volpon
Diogo, 44, continuam procurados pela Polícia Federal para
deporem na CPI. Eles obtiveram habeas corpus, anteontem,
mas não foram encontrados.
Entenda o caso
O caso começou a ser investigado em dezembro. Meninos e
meninas, de seis a 12 anos, relataram casos de abusos sexuais e
violência supostamente praticados por moradores locais. Há
oito suspeitos do crime, dos
quais dois adolescentes.
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