São Paulo, sexta-feira, 20 de março de 2009

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Após incêndio, Fórum João Mendes ainda tem falhas

Um ano depois do tumulto no maior fórum da cidade, prédio não tem alarme e treinamento para emergências aberta no Fórum João Mendes Júnior; fiação aparente é outro problema

Falta de segurança inclui portas corta-fogo que são mantidas abertas no edifício por onde circulam cerca de 25 mil pessoas por dia

DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Portas corta-fogo mantidas abertas, fiação aparente, falta de alarme de incêndio e de treinamento para emergências. Um ano após um princípio de incêndio que causou tumulto em seus 24 andares, o Fórum João Mendes Júnior ainda exibe falhas de segurança, que preocupam funcionários.
Diariamente, cerca de 25 mil pessoas circulam pelo prédio -número maior que o da população residente no distrito da Sé (região central), onde está localizado, ou quase o triplo da de Holambra (125 km de SP).
Sem alarme para comunicar o incêndio no 14º andar em 27 de março do ano passado, o público só deixou o local após alerta de colegas, no boca a boca. O tumulto nas escadas não foi maior porque o fogo foi controlado a tempo e não se espalhou. Pois a falta de aviso sonoro permanece, assim como vários outros problemas evidenciados em 2008. Não foram feitas, por exemplo, simulações de retirada das pessoas do prédio para casos de emergência.
Mais: portas corta-fogo são mantidas abertas por calços de papelão ou madeira. Algumas delas ficam obstruídas por sacos de lixo. Se houver fogo no edifício, a fumaça (que pode causar desmaios e intoxicação) e as chamas poderão se espalhar com facilidade pelos compartimentos.
O grande volume de papel amplia o potencial inflamável do fórum. Atualmente, há no local cerca de 380 mil processos em andamento.
Há também fiação aparente, ao alcance do público, em alguns andares (o fórum não informou se são fios de energia elétrica). Degraus das escadas têm alturas diferentes, facilitando quedas e torções. Por fim, na lista de problemas, extintores de incêndio que deveriam ter sido trocados em janeiro, segundo o selo indicador de validade nos aparelhos.
Procurado, o Tribunal de Justiça de São Paulo diz que houve um equívoco na marcação da validade dos extintores e que, na verdade, o vencimento só acontece neste mês. Foi a única contestação sobre os problemas elencados acima pela Folha, que levou um engenheiro indicado pelo Sinaenco (Sindicado da Arquitetura e da Engenharia) para visitar o prédio.
Sobre as demais falhas, o juiz José Maria Câmara Junior, assessor da presidência do órgão, diz que medidas estão sendo tomadas.
Funcionários dizem que a preocupação cresceu na quinta-feira da semana passada, quando o prédio ficou sem energia e, no dia seguinte, houve veto a uso de aparelhos de ar-condicionado. Câmara Junior diz que não há notícia de problemas elétricos no prédio e que a falta de luz teve origem em equipamento externo, de responsabilidade da Eletropaulo. Já a empresa de energia diz que também houve falha interna, de responsabilidade do fórum.


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