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Espera por entrevista para visto dos EUA em SP é de até 46 dias
Candidatos reclamam de dificuldades de atendimento no consulado, como filas, espera sob o sol e falta de assentos
Apesar do agendamento, filas no prédio da Chácara Santo Antônio começam ainda de madrugada; candidatos chegam a ficar 5 horas no local
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Começa com 46 dias de espera. Seguem-se então horas na
fila, no calor de um pátio sem ar
condicionado e, com sorte, sentado. Quem deseja tirar visto
no Consulado-Geral dos Estados Unidos em São Paulo pode
ter de passar por tudo isso
-além do tradicional receio de
não obter o documento.
São essas as queixas comuns
no consulado que mais emite
vistos americanos no mundo
-mais de mil por dia.
A saga começa no agendamento. No site www.visto-eua.com.br, o candidato é informado de que deverá aguardar 46 dias até a entrevista em
São Paulo, cidade mais concorrida entre as quatro que oferecem o serviço -as outras são
Rio, Recife e Brasília.
Depois, vem a dificuldade de
ser atendido. A Folha esteve na
semana passada no consulado,
na Chácara Santo Antônio (zona sul), e ouviu de pelo menos
quatro visitantes que a entrevista havia ocorrido duas horas
depois do horário agendado para a chegada.
"Tinha que estar aqui às
10h30, mas cheguei às 10h para
garantir. Só consegui sair perto
das 12h30", disse a dentista Renata Kobe, 28, que pretende
viajar para a Disney.
Segundo o comerciante Renato Nunes, 34, a longa espera
foi acompanhada do calor. "Ficamos sob um telhado que parece de zinco e que esquenta."
Alguns comemoravam o fato
de serem atendidos em poucos
minutos -idosos e gestantes,
por exemplo, têm preferência.
Já outros têm de esperar a manhã inteira, como o estudante
Diego Beninca, 22, que ficou
cinco horas no local e saiu sem
o visto. "Só queria fazer um
curso de inglês", lamentou.
A reportagem visitou o interior do consulado na terça,
acompanhada pelo chefe da seção consular David Meron.
Presenciou pessoas esperando
ao sol, outras na sombra de árvores e algumas sentadas no
chão. Outras estavam numa fila
em formato espiral -algumas
de pé e outras sentadas, mas
que se levantavam a cada movimentação da fila.
Em geral, os pleiteantes afirmaram que conseguir o documento foi tranquilo e houve
poucas perguntas na entrevista
-entre elas, se pretendiam ficar nos EUA após a viagem.
Disseram que os vice-cônsules,
responsáveis pela entrevista,
foram atenciosos e não ameaçadores, como imaginavam.
As filas no consulado começam ainda de madrugada -o
serviço abre às 7h30. Os usuários são submetidos a um forte
esquema de segurança. Só entra quem agendou. Um formulário é lido por código de barras. Celulares devem ficar
guardados em caixas.
Depois disso tudo, há a triagem da documentação e o registro das digitais. Só então a
entrevista.
Acompanhantes têm de esperar fora do prédio, onde pequenos comerciantes e ambulantes montaram toda uma estrutura voltada para o consulado. Lojas tiram fotos 5x5 por
R$ 15 (duas) e vendem os formulários. Flanelinhas agenciam taxis e bares saciam fome
e sede nas horas de espera.
Outras bandeiras
Os problemas do consulado
americano se destacam em relação aos serviços de outros
países visitados pela Folha,
que, apesar de também exigirem visto até para turistas, têm
fluxo menor que o dos EUA.
No Consulado do México
-uma casa arborizada no Jardim Europa (zona oeste)-,os
usuários eram atendidos na
hora marcada na manhã de
quarta. No do Canadá, instalado em um andar de um prédio
no Brooklin (zona sul), havia
uma fila de 15 pessoas (poucos
minutos) para a entrevista.
Já o Consulado de Cuba, no
Sumaré (zona oeste), a reportagem encontrou só uma pessoa tentando tirar o visto.
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