São Paulo, sábado, 20 de março de 2010

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Professores mantêm greve e farão ato na sede do governo

Grevistas voltaram a bloquear parte da avenida Paulista e da rua da Consolação

Para governo, manifestação é política; horas antes, funcionários da saúde decidiram parar por 2 dias na próxima semana

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um protesto que voltou a bloquear a av. Paulista, os professores das escolas estaduais de São Paulo decidiram ontem à tarde manter a greve da categoria, iniciada no último dia 8.
Também decidiram radicalizar: a próxima assembleia, na sexta-feira que vem, será realizada diante do Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi (zona oeste), a sede do governo.
No entanto, uma resolução estadual diz que as ruas ao redor do palácio são áreas de segurança e que manifestações são "obrigatoriamente desviadas para áreas próximas".
A Apeoesp (sindicato dos professores) pede um reajuste salarial de 34,3%. O governo José Serra (PSDB) diz que não é possível conceder o aumento e que o movimento é político.
A greve, na versão da Secretaria da Educação, conta com a adesão de 1%. Já a Apeoesp afirma que mais de 60% dos docentes não estão dando aulas.
Na quarta passada, a reportagem telefonou para 108 escolas da capital e do interior e constatou que 42 foram afetadas pela greve -em nove nenhum professor trabalhou e em 33 uma parte não deu aula. Outras 66 funcionaram normalmente.
No protesto de ontem, os professores se reuniram no vão-livre do Masp para decidir sobre a continuidade da greve. Segundo a Apeoesp, 40 mil pessoas participaram. Pelos cálculos da Polícia Militar, 8.000.
O movimento contou com a participação de cerca de 500 servidores da Secretaria de Estado da Saúde, que horas antes haviam decidido realizar uma paralisação de 48 horas na segunda e na terça-feira. Eles querem um aumento de 40%.
O SindSaúde-SP (sindicato dos servidores da Saúde) afirma que, embora com menos funcionários trabalhando, nenhuma unidade médica será fechada. Assim como a Apeoesp, o SindSaúde-SP é ligado à CUT, entidade sindical ligada ao PT.
Com apitos, faixas, bandeiras, narizes de palhaço e até caixões, os professores grevistas gritavam "fora Serra". A av. Paulista foi sendo ocupada faixa por faixa até ficar completamente tomada pelos manifestantes, nos dois sentidos. Os 300 policiais que vigiavam o ato não contiveram o avanço.
Na semana passada, os grevistas haviam feito protesto no mesmo lugar, mas ocuparam só uma pista da Paulista. Ontem, os carros que iam no sentido Paraíso só chegavam até a rua Peixoto Gomide. No sentido Consolação, até a rua Itapeva.
No final da tarde, os professores seguiram em passeata até a Secretaria da Educação, na praça da República (centro). No trajeto, ocuparam uma pista da rua da Consolação.
Segundo a CET, o protesto contribuiu para que São Paulo tivesse 207 km de congestionamento às 19h, o maior índice do ano no horário.
A terapeuta Claudia Melo, 41, com o carro preso perto da av. Paulista, ligava para a creche avisando que se atrasaria para buscar o filho. "Podem fazer greve, mas não precisam prejudicar outras pessoas."
No carro ao lado, a gerente Juliana Ávila, 29, discordava. "Se o governo não ouve, devem mesmo tomar uma atitude."


Colaboraram a Folha Online e o "Agora"


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