São Paulo, sábado, 20 de março de 2010

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País tem 5 capitais entre as 20 cidades mais desiguais

Conclusão é de relatório da ONU; brasileiras na lista são Goiânia, Belo Horizonte, Fortaleza, Brasília e Curitiba

CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO

Cinco capitais brasileiras -Goiânia, Belo Horizonte, Fortaleza, Brasília e Curitiba- estão entre as 20 mais desiguais entre 141 cidades de países em desenvolvimento e ex-comunistas pesquisadas pelo Programa da ONU para os Assentamentos Humanos (ONU Habitat) em relatório divulgado ontem no Rio.
São Paulo e Rio de Janeiro estão, respectivamente, na 28ª e na 38ª posição, segundo um ranking das 39 cidades mais desiguais produzido a partir do índice de Gini baseado na renda. Quanto mais próximo de 1 for o indicador, maior a desigualdade.
As 39 cidades têm índice de Gini igual ou superior a 0,50. Índice de 0,50 a 0,59, como os de São Paulo e Rio, indica "desigualdade muito alta". Quando é superior a 0,60 (caso de Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza e Goiânia), ela é "extremamente alta". A média brasileira é 0,58.
Pelos dados do Habitat, Pequim é a cidade mais igualitária, com índice de 0,22. Na América Latina, a melhor posição é a de Caracas (0,39).
A má distribuição da riqueza, sozinha, não fornece um retrato exato das condições da vida urbana, ressalta o Habitat. Em acesso a água potável e saneamento, por exemplo, as cidades brasileiras estão à frente de africanas também muito desiguais, como Nairóbi (Quênia).
No entanto, a desigualdade se reflete na alocação dos terrenos e dos serviços urbanos, como transportes. "Quando transfiro terra pública para grandes empreendimentos privados e faço casas para pobres na extrema periferia, estou distribuindo recursos", diz o urbanista Carlos Vainer, da UFRJ.
A divulgação do relatório precedeu a abertura na segunda-feira, no Rio, do 5º Fórum Urbano Mundial. Durante o encontro, será lançado um estudo específico sobre São Paulo, que dirá que a cidade caminha para ficar mais dividida socialmente se mantiver seu "esparrame" para os subúrbios.
"Isso é resultado da especulação imobiliária no centro e não corresponde ao aumento populacional. A cidade heterogênea é compacta", diz Eduardo López Moreno, diretor de Estudos e Monitoramento das Cidades do Habitat.


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