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País tem 5 capitais entre as 20 cidades mais desiguais
Conclusão é de relatório da ONU; brasileiras na lista são Goiânia, Belo Horizonte, Fortaleza, Brasília e Curitiba
CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO
Cinco capitais brasileiras
-Goiânia, Belo Horizonte,
Fortaleza, Brasília e Curitiba-
estão entre as 20 mais desiguais entre 141 cidades de países em desenvolvimento e ex-comunistas pesquisadas pelo
Programa da ONU para os Assentamentos Humanos (ONU
Habitat) em relatório divulgado ontem no Rio.
São Paulo e Rio de Janeiro
estão, respectivamente, na 28ª
e na 38ª posição, segundo um
ranking das 39 cidades mais desiguais produzido a partir do
índice de Gini baseado na renda. Quanto mais próximo de 1
for o indicador, maior a desigualdade.
As 39 cidades têm índice de
Gini igual ou superior a 0,50.
Índice de 0,50 a 0,59, como os
de São Paulo e Rio, indica "desigualdade muito alta". Quando é
superior a 0,60 (caso de Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza e
Goiânia), ela é "extremamente
alta". A média brasileira é 0,58.
Pelos dados do Habitat, Pequim é a cidade mais igualitária, com índice de 0,22. Na
América Latina, a melhor posição é a de Caracas (0,39).
A má distribuição da riqueza,
sozinha, não fornece um retrato exato das condições da vida
urbana, ressalta o Habitat. Em
acesso a água potável e saneamento, por exemplo, as cidades
brasileiras estão à frente de
africanas também muito desiguais, como Nairóbi (Quênia).
No entanto, a desigualdade
se reflete na alocação dos terrenos e dos serviços urbanos, como transportes. "Quando
transfiro terra pública para
grandes empreendimentos privados e faço casas para pobres
na extrema periferia, estou distribuindo recursos", diz o urbanista Carlos Vainer, da UFRJ.
A divulgação do relatório
precedeu a abertura na segunda-feira, no Rio, do 5º Fórum
Urbano Mundial. Durante o
encontro, será lançado um estudo específico sobre São Paulo, que dirá que a cidade caminha para ficar mais dividida socialmente se mantiver seu "esparrame" para os subúrbios.
"Isso é resultado da especulação imobiliária no centro e
não corresponde ao aumento
populacional. A cidade heterogênea é compacta", diz Eduardo López Moreno, diretor de
Estudos e Monitoramento das
Cidades do Habitat.
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