São Paulo, domingo, 20 de março de 2011

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Plano prevê demolir 1.250 imóveis no litoral paulista

16 mil casas serão afetadas por programa de recuperação da serra do Mar

Litoral norte reúne 78% das construções, entre elas uma comunidade dedicada ao daime e a Vila de Picinguaba

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

Pelo menos 1.250 imóveis serão demolidos no litoral paulista, incluindo construções precárias e de alto padrão, estabelecimentos comerciais e turísticos e até uma comunidade do Santo Daime.
A estimativa está em relatório do Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar, a mais ambiciosa intervenção do Estado para zerar a ocupação imobiliária no parque estadual.
Outros 14,9 mil imóveis no entorno da unidade terão ações de urbanização, como redes de água e esgoto e regularização de posse. De 16,1 mil construções atingidas, 78% estão no litoral norte, sendo 10,7 mil em Ubatuba.
O projeto, apoiado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), tem uma premissa: retirar todas as construções do parque.
"Está dentro, tem de retirar, independente de estar ou não em risco", diz o coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges, coordenador do programa.
A premissa, no entanto, terá uma exceção: o governo estuda casos em que poderá recuar os limites do parque para retirar dele comunidades caiçaras tradicionais.
O recuo seria compensado pela incorporação de 17,3 mil hectares em outras áreas, já definidas pelo governo -o parque tem 315 mil hectares.
A principal beneficiada deve ser a Vila de Picinguaba, reduto de pescadores em Ubatuba que virou point turístico de paulistanos de classe média alta e estrangeiros.
Hoje, toda a vila está no parque -se ele recuar, 150 imóveis podem ser regularizados, mas 50 serão demolidos por não terem condições de regularização, como estar a menos de 30 m de córregos.
Na região, é comum ver imóveis sobre corpos d'água, inclusive pousadas, casas de veraneio e bares. "Esses saem, com certeza, pois infringem o Código Florestal. A reurbanização implica obedecer à lei", diz Borges.
Em Boiçucanga (São Sebastião), devem desaparecer 11 casas de seguidores da Beija-Flor de Luz, comunidade do Santo Daime que informa em seu site estar localizada "em meio a exuberante e preservada mata atlântica".
Em Maresias, 411 imóveis passarão por urbanização e outros dez serão demolidos.
Para o secretário de Meio Ambiente de São Sebastião, Eduardo Hipólito do Rego, pode haver mais remoções.
Ele cita o morro do Esquimó, em Juqueí, na costa sul, onde há 1.500 moradores.
"Tem muita gente lá que precisa ser removida, devido à gravidade da situação."

FOLHA.com
Veja o relatório
folha.com.br/ct891005


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