São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 2000


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VIOLÊNCIA
Vítima de quadrilhas nos Estados não é mais o milionário, mas a classe média, segundo a polícia
São Paulo supera Rio em sequestros

da Reportagem Local

e da Sucursal do Rio

O Estado do Rio de Janeiro, que chegou a ter 77 sequestros em um único ano (1996), perdeu para São Paulo a liderança em registros desse tipo de crime.
A inversão de posições ocorreu no ano passado, pela primeira vez desde 1996, segundo dados das Secretarias da Segurança Pública dos dois Estados.
Neste ano, a polícia paulista já investigou oito casos de sequestros, contra apenas dois da polícia fluminense (veja arte ao lado).
A queda das ocorrências no Rio, segundo a DAS (Divisão Anti-Sequestro), se deve às prisões de líderes de quadrilhas importantes nos últimos dois anos. É o caso de Nelsinho e Claudinho do morro da Mineira, que sequestraram o empresário Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Filho em 1995.
Em São Paulo, o aumento tem a ver com a ""interiorização" das quadrilhas. A maioria dos crimes deste ano ocorreu na região de Campinas (99 km da capital) e um mesmo grupo é suspeito de comandar as ações. Trata-se da família Oliveira, parentes dos sequestradores de Wellington Camargo, irmão dos cantores sertanejos Zezé di Camargo e Luciano.

Novo alvo
A vítima dos sequestradores desse novo cenário mudou. Não são mais os empresários milionários e famosos. "As pessoas muito ricas têm muita segurança. Sequestros contra eles, além de mais difíceis, chamam muita atenção. Então os sequestradores tentam variar o alvo", afirmou Fernando Moraes, diretor da DAS, no Rio.
Metade dos sequestrados no ano passado, segundo Moraes, era de classe média alta.
Em São Paulo, a polícia desconfia que as quadrilhas estejam escolhendo as vítimas pelo tipo de veículo. É como se os criminosos prolongassem a duração de um sequestro relâmpago -crime típico da capital, que consiste em fazer uma pessoa como refém, sacar dinheiro dela da conta bancária e depois liberá-la. O saque, no caso, é o pagamento de resgate.
As abordagens ocorrem, em geral, em trechos com pouco movimento nas rodovias estaduais.

Fim de sequestro
Ontem de madrugada, a polícia do Rio descobriu o cativeiro do menino Samuel Menezes dos Santos Júnior, 13, na favela Nova Holanda, em Bonsucesso, e prendeu três envolvidos no sequestro. Júnior foi levado na última sexta-feira em frente à sua casa.
Os sequestradores estavam pedindo um resgate de R$ 500 mil para o pai go garoto, um pequeno distribuidor de bebidas.
Em São Paulo, anteontem, Maria Antonia de Velo Barros, mulher do empresário Wilson de Barros, presidente do time Mogi Mirim, foi libertada. Ela ficou como refém por dez dias e foi encontrada no porta-malas de um Tempra, com placas de Goiânia, em Campinas. O empresário pagou resgate de R$ 84 mil.
Segundo a vítima, os quatro sequestradores disseram a ela que seriam da família Oliveira.


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