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Metrô reduz velocidade média em até 10%
Principal explicação é o aumento do número de passageiros no ano passado, agravando problemas no embarque
Na linha 1-azul, a velocidade média nos picos diminuiu de 30 km/h para 28 km/h; na linha 3-vermelha, foi de 39 km/h para 35 km/h
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A velocidade média do metrô
de São Paulo caiu até 10% nos
horários de pico em 2006.
Quem percorre a linha 3-vermelha (Leste/Oeste) inteira
passou a perder mais quatro
minutos na sua viagem. Na 1-azul (Norte/Sul), três minutos.
A principal explicação citada
pela companhia e por especialistas é a elevação de 10% na demanda -variação anual recorde em mais de uma década.
Foram 247 mil passageiros
extras por dia, principalmente
em razão da implantação do bilhete único integrado com os
ônibus. Um ritmo semelhante
de crescimento tem se repetido
em 2007, podendo provocar
mais impactos na velocidade.
Na prática, com mais pessoas, maior é a interferência na
hora do embarque -como as
portas bloqueadas, situação
que impede a partida dos trens.
Quanto mais tempo uma
composição fica na plataforma,
mais atrasa a sua viagem e a da
que vem em seguida também
-que muitas vezes tem de diminuir sua velocidade para
manter uma distância dentro
da margem de segurança.
O desempenho de 2006 reverteu uma tendência de crescimento na rapidez dos deslocamentos no metrô registrada
havia pelo menos cinco anos.
Na linha 1-azul, a velocidade
média nos picos diminuiu de 30
km/h para 28 km/h. Na linha 3-vermelha, a mais saturada e
que teve a principal queda, ela
foi de 39 km/h para 35 km/h
-menor patamar desde 2002.
A expansão dos usuários no
metrô foi incentivada pelo bilhete único integrado com os
ônibus, devido ao desconto para quem usa os dois sistemas.
Hoje, a tarifa integrada custa
R$ 3,50, 24% de redução em relação aos preços unitários (de
R$ 2,30) de quem faz uma viagem de metrô e uma de ônibus.
O especialista em transporte
e professor da USP Jaime
Waisman avalia que a idade da
frota do metrô -há trens com
mais de três décadas- também
favorece velocidades menores.
Os antigos necessitam de reparos mais freqüentes e os modos de aceleração e frenagem às
vezes têm padrões inferiores.
A queda na velocidade é só
um dos indicadores de qualidade do metrô paulista que viraram motivo de preocupação
com a explosão da demanda.
A ela se soma a superlotação
(que, na linha 3-vermelha, às
vezes atinge 8 passageiros por
metro quadrado, contra um limite aceitável de 6) e os próprios intervalos entre os trens.
O tempo entre cada composição em 2006 teve aumento significativo na linha 2-verde (ramal Paulista) nos picos da tarde
-de 158 segundos para 167. Nas
demais, as variações para cima
ou para baixo foram pequenas.
O Metrô cita a inauguração
de duas novas estações (Imigrantes e Chácara Klabin) na linha 2, sem a compra de mais
trens, para esse resultado.
A estudante de jornalismo
Camila Zanetti, 23, é crítica ferrenha da condição dos serviços.
"O metrô já foi muito melhor.
Os trens não têm um padrão, às
vezes demoram 15 segundos, às
vezes cinco minutos. A Sé é
uma tragédia, uma situação de
guerra, as pessoas se espremendo como animais", diz.
Apesar das preocupações
com a qualidade, a expansão da
demanda no metrô é bem recebida por especialistas -tanto
pelo desconto dado aos usuários na integração como porque
ele segue com alto índice de
aprovação nos serviços.
Mesmo em queda, a velocidade média de 28 km/h na linha 1-azul supera a de corredores de
ônibus -20 km/h- e a dos automóveis em vias como a Faria
Lima, onde já beirou 10 km/h.
"O metrô já era um dos mais
carregados do mundo e aumentou ainda mais. O conforto diminuiu, mas, pelos passageiros
que foram beneficiados, foi
uma vantagem. O que falta é
ampliar as linhas, ter mais
trens, espalhar a demanda",
afirma Emiliano Stanislau Affonso, da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Metrô.
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