São Paulo, sexta-feira, 20 de abril de 2007

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Metrô reduz velocidade média em até 10%

Principal explicação é o aumento do número de passageiros no ano passado, agravando problemas no embarque

Na linha 1-azul, a velocidade média nos picos diminuiu de 30 km/h para 28 km/h; na linha 3-vermelha, foi de 39 km/h para 35 km/h

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A velocidade média do metrô de São Paulo caiu até 10% nos horários de pico em 2006. Quem percorre a linha 3-vermelha (Leste/Oeste) inteira passou a perder mais quatro minutos na sua viagem. Na 1-azul (Norte/Sul), três minutos.
A principal explicação citada pela companhia e por especialistas é a elevação de 10% na demanda -variação anual recorde em mais de uma década.
Foram 247 mil passageiros extras por dia, principalmente em razão da implantação do bilhete único integrado com os ônibus. Um ritmo semelhante de crescimento tem se repetido em 2007, podendo provocar mais impactos na velocidade.
Na prática, com mais pessoas, maior é a interferência na hora do embarque -como as portas bloqueadas, situação que impede a partida dos trens.
Quanto mais tempo uma composição fica na plataforma, mais atrasa a sua viagem e a da que vem em seguida também -que muitas vezes tem de diminuir sua velocidade para manter uma distância dentro da margem de segurança.
O desempenho de 2006 reverteu uma tendência de crescimento na rapidez dos deslocamentos no metrô registrada havia pelo menos cinco anos.
Na linha 1-azul, a velocidade média nos picos diminuiu de 30 km/h para 28 km/h. Na linha 3-vermelha, a mais saturada e que teve a principal queda, ela foi de 39 km/h para 35 km/h -menor patamar desde 2002.
A expansão dos usuários no metrô foi incentivada pelo bilhete único integrado com os ônibus, devido ao desconto para quem usa os dois sistemas.
Hoje, a tarifa integrada custa R$ 3,50, 24% de redução em relação aos preços unitários (de R$ 2,30) de quem faz uma viagem de metrô e uma de ônibus.
O especialista em transporte e professor da USP Jaime Waisman avalia que a idade da frota do metrô -há trens com mais de três décadas- também favorece velocidades menores.
Os antigos necessitam de reparos mais freqüentes e os modos de aceleração e frenagem às vezes têm padrões inferiores.
A queda na velocidade é só um dos indicadores de qualidade do metrô paulista que viraram motivo de preocupação com a explosão da demanda.
A ela se soma a superlotação (que, na linha 3-vermelha, às vezes atinge 8 passageiros por metro quadrado, contra um limite aceitável de 6) e os próprios intervalos entre os trens.
O tempo entre cada composição em 2006 teve aumento significativo na linha 2-verde (ramal Paulista) nos picos da tarde -de 158 segundos para 167. Nas demais, as variações para cima ou para baixo foram pequenas.
O Metrô cita a inauguração de duas novas estações (Imigrantes e Chácara Klabin) na linha 2, sem a compra de mais trens, para esse resultado.
A estudante de jornalismo Camila Zanetti, 23, é crítica ferrenha da condição dos serviços.
"O metrô já foi muito melhor. Os trens não têm um padrão, às vezes demoram 15 segundos, às vezes cinco minutos. A Sé é uma tragédia, uma situação de guerra, as pessoas se espremendo como animais", diz.
Apesar das preocupações com a qualidade, a expansão da demanda no metrô é bem recebida por especialistas -tanto pelo desconto dado aos usuários na integração como porque ele segue com alto índice de aprovação nos serviços.
Mesmo em queda, a velocidade média de 28 km/h na linha 1-azul supera a de corredores de ônibus -20 km/h- e a dos automóveis em vias como a Faria Lima, onde já beirou 10 km/h.
"O metrô já era um dos mais carregados do mundo e aumentou ainda mais. O conforto diminuiu, mas, pelos passageiros que foram beneficiados, foi uma vantagem. O que falta é ampliar as linhas, ter mais trens, espalhar a demanda", afirma Emiliano Stanislau Affonso, da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Metrô.


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