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Prefeitura muda critério para pagar ONGs
Novo edital para o programa Capacita Sampa, a ser publicado, vai prever o pagamento só para serviços efetivamente prestados
Anúncio de alteração no critério foi feito no dia em que a Folha revelou que a administração pagou cursos para alunos "fantasmas"
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria Municipal do
Trabalho de São Paulo anunciou ontem mudanças no critério de contratação de ONGs para o programa Capacita Sampa.
Pelo novo edital, a ser publicado, só serão pagos os serviços
"efetivamente prestados".
A mudança ocorre após a Folha ter revelado ontem que o
município contratou dez ONGs
para ministrar cursos profissionalizantes para 6.600 alunos, mas enviou apenas 4.654.
Mesmo assim, a secretaria
pagou integralmente o contrato, no valor de R$ 6,4 milhões.
O prejuízo aos cofres públicos
foi cerca de R$ 2 milhões.
A secretaria só reconheceu
que o número de alunos treinados foi menor depois de uma
série de questionamentos feitos pela reportagem, baseados
em documentos da própria secretaria. No início, o órgão dizia que haviam sido treinados
6.096 jovens no programa.
As ONGs receberam o valor
total porque o próprio edital
lançado no final de 2005 previa
o pagamento por lotes de alunos, e não por vagas efetivamente preenchidas. Se a prefeitura enviasse apenas um
aluno de um contrato para 200
vagas, por exemplo, a ONG receberia pelos 200 alunos.
O ex-secretário da pasta Gilmar Viana da Conceição
(PDT), que assinou os contratos, disse que não enviou todos
os alunos porque houve evasão
e não podia utilizar as vagas remanescentes por causa do edital que só permitia alunos que
tivessem frequentado o primeiro módulo (curso básico).
No edital lançado neste ano,
para a segunda etapa do programa, a secretaria mantinha a
mesma metodologia de pagamento por lotes.
Investigação
Em nota divulgada ontem, o
secretário municipal do Trabalho de São Paulo, Geraldo Vinholi, disse ter determinado a
abertura de uma apuração preliminar (que antecede sindicâncias) para investigar por
que a prefeitura pagou integralmente os contratos feitos.
Ainda de acordo com a nota,
a pasta também vai aperfeiçoar
os mecanismos de controle de
qualidade dos cursos, incluindo
as condições das salas de aula.
A comissão tem 20 dias para
apresentar os resultados da investigação. De acordo com o
que for relatado, pode ser aberta uma sindicância administrativa para punir servidores suspeitos de irregularidades.
Segundo o que for apurado, o
servidor pode ser repreendido,
suspenso ou mesmo exonerado. Se for constatado que houve
desvio de dinheiro público, o
resultado da sindicância segue
para o Ministério Público do
Estado.
Pela manhã, o prefeito Gilberto Kassab (DEM, ex-PFL) já
havia declarado que determinara a apuração. ""Essa é uma
administração transparente. Se
aconteceram erros, vamos corrigir. Se houve irregularidades,
a investigação vai apontar e as
pessoas serão punidas."
O Capacita Sampa foi criado
pelo ex-prefeito e hoje governador José Serra (PSDB). Depois, prosseguiu durante a gestão Kassab.
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