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Polícia mostra ao pai fotos de Isabella morta
Alexandre Nardoni e Anna Jatobá deixaram o 9º DP às 4h40 de ontem, após depor; eles recusaram escolta na saída
O pai e a madrasta de Isabella foram indiciados sob acusação de homicídio com 3 agravantes, entre eles motivo fútil e meio cruel
ROGÉRIO PAGNAN
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Durante seu depoimento à
polícia, anteontem, o estagiário
de direito Alexandre Nardoni,
29, foi colocado diante de um
álbum de fotos da filha Isabella.
As primeiras imagens eram
de Isabella bebê. O álbum mostrava as outras fases da criança
e terminava com a foto da menina morta no IML.
Essa foi uma das estratégias
utilizadas pela polícia para tentar abalar emocionalmente o
pai de Isabella e, dessa forma,
conseguir arrancar uma eventual confissão. Conseguiram
apenas lágrimas, a única vez
que Nardoni chorou nas quase
oito horas de depoimento, segundo relato de policiais.
O depoimento foi marcado
para o dia em que Isabella completaria seis anos.
Os policiais também pediram
várias vezes para Nardoni contar o que sabia sobre o ocorrido
na noite da morte da filha. Ele
manteve a versão de que alguém invadiu seu apartamento
e atirou Isabella pela janela.
O mesmo álbum foi apresentado à estudante Anna Jatobá,
24, madrasta de Isabella.
Também ela manteve a versão de que não sabe quem atirou a menina pela janela.
Parte das fotos foi cedida pela
mãe de Isabella, Ana Carolina
de Oliveira, segundo policiais.
O professor de direito penal
do Mackenzie Guaracy Moreira Filho considera a tática de
interrogatório aceitável. "Mostrar fotografia não seria uma
forma de pressão ou arbitrária.
É um método de sensibilizar o
indiciado para que ele responda às perguntas."
Indiciamento
No total, Nardoni e Anna Jatobá permaneceram mais de 17
horas no 9º DP (Carandiru), na
zona norte de São Paulo. Eles
deixaram o local às 4h40 de ontem, indiciados por homicídio
doloso triplamente qualificado
(motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa).
Isso significa que, para a polícia, os dois tiveram a intenção
de matar Isabella.
A polícia considera o caso encerrado. Só quer fazer a reconstituição do ocorrido na noite do
crime para concluir o relatório
e enviá-lo à Justiça. Na terça-feira, o delegado Calixto Calil
Filho deve pedir a prisão preventiva do pai e da madratas.
O casal seguiu para o apartamento dos pais de Anna, em
Guarulhos (Grande SP), onde
estão os outros dois filhos.
O depoimento da madrasta
de Isabella começou às 19h45 e
terminou por volta da 1h de ontem. Eles demoraram mais de
três horas e meia para deixar a
delegacia porque os advogados
releram as 33 páginas de depoimentos -20 de Alexandre e 13
de Anna- antes de permitir
que o casal assinasse.
Enquanto isso, houve outro
impasse: os advogados de defesa rejeitaram proteção policial
para que Alexandre e Anna Carolina deixassem o DP.
Os policiais exigiram então
que os advogados assinassem
um documento se responsabilizando pela segurança dos
clientes.
Nardoni e Anna Jatobá deixaram o DP no carro do pai de
Alexandre. Chegaram ao edifício Terra de Bragança, onde
moram os pais de Anna Carolina, por volta das 5h.
O depoimento do pai e da irmã de Alexandre, Antonio e
Cristiane Nardoni, foi adiado
para terça-feira, a pedido dos
advogados.
Colaboraram LUÍS KAWAGUTI , da Reportagem
Local, e TALITA BEDINELLI
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