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Nos consulados, aumento da procura faz passageiros enfrentarem burocracia e filas
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem supera a fila para tirar
o passaporte pode ter ainda um
longo caminho a enfrentar antes da viagem. A segunda etapa
é enfrentar a burocracia dos
consulados. Em São Paulo, nas
visitas da reportagem, o consulado do México foi o que teve
mais reclamações, seguido pelo
dos EUA.
A demanda por vistos para o
México dobrou nos últimos
dois anos -atualmente, cada
funcionário atende cerca de 60
pessoas por dia. Mas o pessoal
envolvido diretamente na confecção de vistos se manteve
-oito pessoas.
Diante da escassez de pessoal
e do excesso de trabalho, o limite de atendimentos diários foi
reduzido em fevereiro, de 180
para 150 por dia. A média é de
3.000 atendimentos por mês.
Os vistos, porém, não demoram
a sair -a média de entrega não
passa dos três dias úteis.
A reportagem acompanhou a
fila na última terça-feira. A presença dos dois jornalistas, fazendo entrevistas e fotografias
na rua, incomodou a segurança
do consulado mexicano, que
chegou a suspender o atendimento por uma hora.
Somente após a chegada da
PM, uma funcionária do consulado veio até a rua e pediu a saída dos repórteres. O pedido só
foi atendido após a retirada da
PM e a retomada do atendimento. O consulado afirmou
não ter chamado a polícia.
Agenda cheia
No consulado dos EUA, o sistema de agendamento pela internet faz com que as filas não
se concentrem em um único
horário. Mas, mesmo assim,
elas são longas -a espera ultrapassa as quatro horas.
A demanda pelo visto cresceu nos últimos anos -hoje são
1.500 atendimentos por dia,
120% a mais que em 2005. O
pessoal do atendimento, porém, não cresceu junto -o número de entrevistadores se
mantém em 12 por dia.
Também contribuem para a
demora as cinco etapas do processo, implantadas em 2002
-entrada, pré-entrevista, recolha de digitais, entrevista e pagamento de taxas, cada uma
com a sua fila específica.
As 300 cadeiras dentro do
consulado, em local coberto
com lanchonete e jardim, não
impedem que filas se formem
do lado de fora do consulado.
"É tumultuado. São poucos
funcionários, cada fila é uma
coisa", disse a advogada Suely
Figueiredo após ser atendida.
A enfermeira Marli de Moura, 29, veio de Belo Horizonte e
também reclamou. "Filas e
mais filas. Se enfrentar fila for
legal, fui bem atendida".
Desde abril de 2007, os consulados dos EUA -em São Paulo, Rio e Recife- e a embaixada
em Brasília passaram a atender
pessoas de qualquer parte do
país, não apenas de suas áreas
consulares. Após a medida, o
tempo de espera por uma entrevista cresceu cerca de 20%
em São Paulo.
Filas não são problema para
consulados como o canadense e
o japonês, que recomendam
despachantes credenciados.
O consulado da Austrália em
São Paulo nem sequer emite
vistos -a documentação é enviada à embaixada, em Brasília,
e o visto é enviado pelo correio.
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