São Paulo, domingo, 20 de abril de 2008

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Nos consulados, aumento da procura faz passageiros enfrentarem burocracia e filas

DA REPORTAGEM LOCAL

Quem supera a fila para tirar o passaporte pode ter ainda um longo caminho a enfrentar antes da viagem. A segunda etapa é enfrentar a burocracia dos consulados. Em São Paulo, nas visitas da reportagem, o consulado do México foi o que teve mais reclamações, seguido pelo dos EUA.
A demanda por vistos para o México dobrou nos últimos dois anos -atualmente, cada funcionário atende cerca de 60 pessoas por dia. Mas o pessoal envolvido diretamente na confecção de vistos se manteve -oito pessoas.
Diante da escassez de pessoal e do excesso de trabalho, o limite de atendimentos diários foi reduzido em fevereiro, de 180 para 150 por dia. A média é de 3.000 atendimentos por mês. Os vistos, porém, não demoram a sair -a média de entrega não passa dos três dias úteis.
A reportagem acompanhou a fila na última terça-feira. A presença dos dois jornalistas, fazendo entrevistas e fotografias na rua, incomodou a segurança do consulado mexicano, que chegou a suspender o atendimento por uma hora.
Somente após a chegada da PM, uma funcionária do consulado veio até a rua e pediu a saída dos repórteres. O pedido só foi atendido após a retirada da PM e a retomada do atendimento. O consulado afirmou não ter chamado a polícia.

Agenda cheia
No consulado dos EUA, o sistema de agendamento pela internet faz com que as filas não se concentrem em um único horário. Mas, mesmo assim, elas são longas -a espera ultrapassa as quatro horas.
A demanda pelo visto cresceu nos últimos anos -hoje são 1.500 atendimentos por dia, 120% a mais que em 2005. O pessoal do atendimento, porém, não cresceu junto -o número de entrevistadores se mantém em 12 por dia.
Também contribuem para a demora as cinco etapas do processo, implantadas em 2002 -entrada, pré-entrevista, recolha de digitais, entrevista e pagamento de taxas, cada uma com a sua fila específica.
As 300 cadeiras dentro do consulado, em local coberto com lanchonete e jardim, não impedem que filas se formem do lado de fora do consulado. "É tumultuado. São poucos funcionários, cada fila é uma coisa", disse a advogada Suely Figueiredo após ser atendida.
A enfermeira Marli de Moura, 29, veio de Belo Horizonte e também reclamou. "Filas e mais filas. Se enfrentar fila for legal, fui bem atendida".
Desde abril de 2007, os consulados dos EUA -em São Paulo, Rio e Recife- e a embaixada em Brasília passaram a atender pessoas de qualquer parte do país, não apenas de suas áreas consulares. Após a medida, o tempo de espera por uma entrevista cresceu cerca de 20% em São Paulo.
Filas não são problema para consulados como o canadense e o japonês, que recomendam despachantes credenciados.
O consulado da Austrália em São Paulo nem sequer emite vistos -a documentação é enviada à embaixada, em Brasília, e o visto é enviado pelo correio.


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