São Paulo, domingo, 20 de abril de 2008

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Gravidez não altera trajetória profissional

Pesquisas comprovam que impacto da gravidez precoce na carreira é relativo

Estudos dizem que apenas 18% das mulheres e 15% dos homens entre 18 a 24 anos pararam de estudar após terem filho

DA SUCURSAL DO RIO

Assim como não se pode dizer que toda gravidez não planejada seja indesejada, estudos têm demonstrado também que a gravidez na adolescência nem sempre é resultado de um descuido e, em muitos casos, não é o fator determinante na trajetória escolar ou profissional.
A pesquisa Gravidez na Adolescência, feita com jovens de 18 a 24 anos em Porto Alegre, Rio e Salvador, por exemplo, mostra que apenas 18% das mulheres e 15% dos homens dessa faixa etária pararam completamente de estudar após o filho.
Na maior parte dos casos (40% para mulheres e 48% para homens), eles já não estavam mais estudando.
O impacto na trajetória profissional também é relativizado pela pesquisa, pois 65% das mulheres que engravidaram até os 19 anos já não trabalhavam e continuaram sem trabalhar. Entre os homens, a situação se inverte: 63% já trabalhava e não parou de trabalhar.
Cristiane Cabral, uma das coordenadoras do estudo, diz que, nas entrevistas feitas com os jovens, os pesquisadores perceberam que, especialmente no grupo menos escolarizado, a gravidez mudava muitas vezes seu status social.
"Entre os jovens de menor renda, foi muito relatado que, após a gravidez, houve mobilização da família para ajudar o casal, arrumou-se emprego para o pai, buscou-se um local para o casal morar, quase sempre reforçando o papel feminino de dona-de-casa. Já nas camadas médias, a mobilização acontecia mais no sentido de a menina continuar estudando e adiar o casamento, para não prejudicar sua vida profissional", afirma a pesquisadora.

Trajetória profissional
A maior preocupação das famílias mais escolarizadas em não deixar que a gravidez atrapalhasse a trajetória profissional dos filhos justifica-se também pelas conclusões de outro estudo, feito por Ivo Chermont, Alinne Veiga e Adriana Fontes, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade.
A partir da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE), os autores mostraram que, no grupo de baixa escolaridade, ter tido filho precocemente tinha pouco impacto no rendimento futuro da mulher.
No entanto, entre a população que cursou pelo menos o ensino médio até o final, o rendimento médio das mulheres que tiveram filhos depois dos 20 anos de idade era 47% maior em relação ao daquelas que ficaram grávidas durante a adolescência.


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