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Gravidez não altera trajetória profissional
Pesquisas comprovam que impacto da gravidez precoce na carreira é relativo
Estudos dizem que apenas 18% das mulheres e 15% dos homens entre 18 a 24 anos pararam de estudar após terem filho
DA SUCURSAL DO RIO
Assim como não se pode dizer que toda gravidez não planejada seja indesejada, estudos
têm demonstrado também que
a gravidez na adolescência nem
sempre é resultado de um descuido e, em muitos casos, não é
o fator determinante na trajetória escolar ou profissional.
A pesquisa Gravidez na Adolescência, feita com jovens de
18 a 24 anos em Porto Alegre,
Rio e Salvador, por exemplo,
mostra que apenas 18% das
mulheres e 15% dos homens
dessa faixa etária pararam
completamente de estudar
após o filho.
Na maior parte dos casos
(40% para mulheres e 48% para homens), eles já não estavam
mais estudando.
O impacto na trajetória profissional também é relativizado
pela pesquisa, pois 65% das
mulheres que engravidaram
até os 19 anos já não trabalhavam e continuaram sem trabalhar. Entre os homens, a situação se inverte: 63% já trabalhava e não parou de trabalhar.
Cristiane Cabral, uma das
coordenadoras do estudo, diz
que, nas entrevistas feitas com
os jovens, os pesquisadores
perceberam que, especialmente no grupo menos escolarizado, a gravidez mudava muitas
vezes seu status social.
"Entre os jovens de menor
renda, foi muito relatado que,
após a gravidez, houve mobilização da família para ajudar o
casal, arrumou-se emprego para o pai, buscou-se um local para o casal morar, quase sempre
reforçando o papel feminino de
dona-de-casa. Já nas camadas
médias, a mobilização acontecia mais no sentido de a menina
continuar estudando e adiar o
casamento, para não prejudicar
sua vida profissional", afirma a
pesquisadora.
Trajetória profissional
A maior preocupação das famílias mais escolarizadas em
não deixar que a gravidez atrapalhasse a trajetória profissional dos filhos justifica-se também pelas conclusões de outro
estudo, feito por Ivo Chermont,
Alinne Veiga e Adriana Fontes,
do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade.
A partir da Pnad (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE), os autores
mostraram que, no grupo de
baixa escolaridade, ter tido filho precocemente tinha pouco
impacto no rendimento futuro
da mulher.
No entanto, entre a população que cursou pelo menos o
ensino médio até o final, o rendimento médio das mulheres
que tiveram filhos depois dos
20 anos de idade era 47% maior
em relação ao daquelas que ficaram grávidas durante a adolescência.
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