São Paulo, domingo, 20 de abril de 2008

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Católica, a empresária Isabella queria 14 filhos, mas teve "apenas" sete

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Antes do casamento, a noiva já deixou bem claro: "Sou católica e não vou tomar pílula".
Ela queria 14 filhos, Deus quis que tivesse "apenas" sete. Ficou grávida dos 21 aos 31 anos, quando teve de tirar o útero. "Achava um desafio. Como a mulher pobre tem tanto filho e as ricas têm cada vez menos?", diz Isabella Gedeon Izar, 49, empresária.
Os Izar, que moram em um apartamento de 350 m2 em Cerqueira César (zona oeste), vão na contramão do fim da era da grande família, apontado pelo Datafolha.
Mesmo entre os mais pobres, é cada vez mais raro quem tenha muitos filhos. Só 16% da população têm quatro ou mais. Entre os que têm renda mensal familiar inferior a dois salários mínimos, são 21%. No outro extremo (renda superior a dez salários), 5%. E mais de 50% da população tem dois, um ou nenhum filho.
Justamente por isso, Isabella conta que sua família sempre foi vista com estranhamento e até preconceito. "As pessoas diziam: "Ah, é porque você é baiana". Perguntavam se não tinha TV em casa. Olhavam para mim como se eu tivesse tendo filho com os vizinhos. Eu morria de vergonha. Depois fui pensar: "Vergonha por quê?" E comecei a reagir."
Os filhos, quatro mulheres e três homens, hoje têm entre 18 e 27 anos. Duas estão casadas e cinco ainda moram com ela e o marido. "Da minha casa só sai casado ou morto", diz Isabella.
Se ela parece linha-dura, o marido, Jorge, 56, já foi capitão do Exército. Mas diz que não dá para estabelecer disciplina militar com uma família tão grande. "Vamos conduzindo conforme as coisas acontecem, conversamos muito e temos que trabalhar em equipe. Em casa, há muito trabalho. São duas geladeiras, duas máquinas de lavar roupa..."
Isabella diz que nunca teve babá, apenas empregada, e parou de trabalhar por alguns anos para cuidar das crianças. "E eles foram todos criados sem ver a Xuxa, que acaba com a infância. Levava o pessoal no parque, fazia brincadeiras."
Uma lembrança da infância dos herdeiros: "Eu nunca era convidada para festa de criança porque tinham medo que levasse os sete".
Os filhos dizem adorar ter muitos irmãos e querem também formar grandes famílias. "Em casa é divertido, onde eu vou, cruzo um", conta José Salim, 26, que há dois anos teve uma filha com uma namorada e quer mais. "Vou ter quantos Deus quiser." Amém.


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