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Católica, a empresária
Isabella queria 14 filhos,
mas teve "apenas" sete
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes do casamento, a noiva
já deixou bem claro: "Sou católica e não vou tomar pílula".
Ela queria 14 filhos, Deus
quis que tivesse "apenas" sete.
Ficou grávida dos 21 aos 31
anos, quando teve de tirar o
útero. "Achava um desafio. Como a mulher pobre tem tanto
filho e as ricas têm cada vez
menos?", diz Isabella Gedeon
Izar, 49, empresária.
Os Izar, que moram em um
apartamento de 350 m2 em
Cerqueira César (zona oeste),
vão na contramão do fim da
era da grande família, apontado pelo Datafolha.
Mesmo entre os mais pobres, é cada vez mais raro
quem tenha muitos filhos. Só
16% da população têm quatro
ou mais. Entre os que têm renda mensal familiar inferior a
dois salários mínimos, são
21%. No outro extremo (renda
superior a dez salários), 5%. E
mais de 50% da população tem
dois, um ou nenhum filho.
Justamente por isso, Isabella conta que sua família sempre foi vista com estranhamento e até preconceito. "As
pessoas diziam: "Ah, é porque
você é baiana". Perguntavam
se não tinha TV em casa. Olhavam para mim como se eu tivesse tendo filho com os vizinhos. Eu morria de vergonha.
Depois fui pensar: "Vergonha
por quê?" E comecei a reagir."
Os filhos, quatro mulheres e
três homens, hoje têm entre 18
e 27 anos. Duas estão casadas e
cinco ainda moram com ela e o
marido. "Da minha casa só sai
casado ou morto", diz Isabella.
Se ela parece linha-dura, o
marido, Jorge, 56, já foi capitão do Exército. Mas diz que
não dá para estabelecer disciplina militar com uma família
tão grande. "Vamos conduzindo conforme as coisas acontecem, conversamos muito e temos que trabalhar em equipe.
Em casa, há muito trabalho.
São duas geladeiras, duas máquinas de lavar roupa..."
Isabella diz que nunca teve
babá, apenas empregada, e parou de trabalhar por alguns
anos para cuidar das crianças.
"E eles foram todos criados
sem ver a Xuxa, que acaba com
a infância. Levava o pessoal no
parque, fazia brincadeiras."
Uma lembrança da infância
dos herdeiros: "Eu nunca era
convidada para festa de criança porque tinham medo que
levasse os sete".
Os filhos dizem adorar ter
muitos irmãos e querem também formar grandes famílias.
"Em casa é divertido, onde eu
vou, cruzo um", conta José Salim, 26, que há dois anos teve
uma filha com uma namorada
e quer mais. "Vou ter quantos
Deus quiser." Amém.
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